A deputada Mariana Silva, do partido Os Verdes, esteve hoje nas imediações do aterro de Sobrado, em Valongo, a ouvir directamente as queixas da população e da Associação Jornada Principal sobre os maus-cheiros e pragas de mosquitos atribuídos ao aterro da Recivalongo.

O partido faz parte da Comissão do Ambiente na Assembleia da República onde este tema tem estado em discussão e quis perceber no terreno as dificuldades que a população está a passar.

“Queremos perceber como podemos ajudar. As pessoas queixaram-se da falta de qualidade de vida por causa dos cheiros dos aterros e por estarem a ser colocados ali resíduos que não deviam. Vimos hoje a descarregar amianto juntamente com outros resíduos e não numa célula independente como devia ser e como está na lei”, descreve a deputada.

“Preocupa-nos o amianto porque pode prejudicar gravemente a saúde das pessoas. É óbvio que tem de ser retirado das escolas e edifícios públicos, mas não basta retirar, é preciso que seja acondicionado de forma adequada para não provocar outros problemas, poluir os lençóis freáticos e contribuir para a má qualidade de vida das pessoas que moram à volta dos aterros de onde é depositado. Existem aterros para resíduos perigosos e o amianto deveria ir para esses aterros. Não percebemos o porquê de estar a ser ali colocado”, sustenta Mariana Silva, dizendo ainda que o partido está preocupado com as linhas de água ali existentes.

“São questões que já tínhamos colocado em Janeiro e às quais ainda não temos resposta”, lembra. Os Verdes querem saber se está comprovado que há poluição nos lençóis freáticos devido aos resíduos que estão a ser ali colocados, de que forma é que estão a ser vigiados os resíduos acumulados neste aterro, entre outros.

“Estamos a ouvir todas as partes, até porque há muita informação contraditória, para perceber como podemos ajudar numa solução”, adianta a deputada, referindo que vão também querer ouvir a Recivalongo e continuar a insistir junto do Ministério do Ambiente e Acção Climática.

“Vamos perceber de que forma podemos actuar e talvez colocar questões a outros ministérios, até porque as pessoas se queixam dos mosquitos e roedores que podem provocar doenças e de que forma isso estará ligado ao aterro”, acrescenta Mariana Silva.

A deputada d’Os Verdes refere que o Ministério do Ambiente já admite a existência dos maus-cheiros e até aceitou avançar com uma inspecção urgente para perceber o que ali se passa.

Marisol Marques, da Associação Jornada Principal, acompanhou a visita e garantiu que vão “continuar a fazer pressão para que o aterro seja encerrado”.

“Hoje voltamos a ver a recepção e depósito de amianto juntamente com biodegradáveis sem que ninguém consiga garantir que não há risco para a saúde pública”, atestou.

A responsável pela Associação disse ainda que foi com “agrado” que viram as notícias de que o Ministério do Ambiente e Acção Climática irá responder de forma positiva ao repto lançado pelo presidente da Câmara de Valongo e avançar com uma inspecção urgente ao aterro. “Vamos pedir que elementos da Associação participem”, adianta.

Por outro lado, mostrou-se confiante de que será retirada a licença ao aterro já que, confirmou o presidente da Câmara de Valongo, houve uma violação do Plano Director Municipal aquando do licenciamento.

Ontem, o aterro de Sobrado foi novamente notícia internacional, desta vez na Sky News, que numa reportagem de três minutos falava das queixas da população sobre “o caixote do lixo da Europa” que recebia lixo internacional “a preço de saldo” até que a importação foi suspensa em Maio e dos medos dos resíduos vindos de Itália. Um terço das cerca de 220 mil toneladas de lixo recebidas por este aterro em 2018 terá vindo do Reino Unido, adiantam.