“A Europa tem a obrigação e a lucidez de assegurar aos seus povos a segurança. E depois, porque está em segurança, tem a obrigação de fazer bem aos outros e acolher os refugiados com humanismo”, defendeu o eurodeputado Nuno Melo, na sexta-feira, durante um debate sobre o fluxo migratório da Europa, realizado no auditório do Museu Municipal de Penafiel e organizado pela concelhia local do CDS-PP.

O centrista acredita que há um “pecado original na gestão da crise dos refugiados” e que a Europa tem que encontrar um compromisso entre a solidariedade e a segurança, até porque “a Europa está em guerra”, afirma. “Obviamente que os refugiados não são terroristas, mas temos que saber à entrada quem vem e a que a vem”. E isso só será possível se forem postos em funcionamento nas fronteiras externas de entrada os hotspot para refugiados, que neste momento não estão a operar, sustentou Nuno Melo.

“NEM TODOS OS MIGRANTES SÃO REFUGIADOS”

Nuno Melo acredita que o fluxo migratório na Europa não é feito apenas de refugiados que fogem da guerra: “Muitos fugirão da guerra e da fome, mas existem casos de migrantes económicos que não vêm da zona de conflito e outros que vêm das zonas de conflito, que são partes derrotadas desse mesmo conflito”. O vice-presidente do CDS-PP admite que nessas partes derrotadas possam estar representantes de organizações terroristas, dizendo que é necessário identificar “quem entra na Europa porque foge da guerra e quem entra na Europa porque perdeu na guerra e tem treino militar”. Por isso faz uma exigência: “Quero que me assegurem a distinção entre quem é refugiado e quem não é refugiado. Só é possível garantir a segurança se identificarmos quem entra, o que não acontece neste momento”.

O eurodeputado diz que a Europa tem a obrigação de acolher com humanismo as pessoas que merecem protecção porque fogem da guerra ou da fome, mas tem que haver uma certeza possível, através da rastreabilidade, que não entram pessoas mal-intencionadas, afirmando que “a mim preocupa-me bastante que neste momento haja mais de 50 mil pessoas que circulam livremente pela Europa, sem sabermos quem são, de onde vêm e ao que vêm”.

“O PROBLEMA DOS REFUGIADOS SÓ SE RESOLVE NA ORIGEM”

Questionado sobre o facto de haver escolas alemãs que começaram a proibir as alunas de usarem roupa de mangas curtas, Nuno Melo respondeu: “Estamos a chegar ao ponto da estupidificação máxima desta questão”. “Quem vier para Europa tem que estar disposto a aceitar aquilo que a Europa é”, defendeu, referindo-se à história e origem judaico-cristã da Europa.

No entanto, Nuno Melo admite que o problema só se resolve na origem e através de uma intervenção militar do ocidente. “Não acredito que isto se possa resolver sem uma intervenção militar da qual a Europa e os Estados Unidos façam parte”, afirmou.

“ISTO NÃO É UM PROBLEMA DOS OUTROS”

Referindo-se às últimas notícias que davam conta da inclusão do nome de Portugal nas ameaças terroristas, Nuno Melo assegura que a Europa vive “uma guerra sem rosto e isto não é apenas um problema dos outros”.

O eurodeputado declarou que há sete anos que luta pela introdução do PNR na Europa, um sistema de transferência de dados relativos aos passageiros dos transportes aéreos nos voos entre a União Europeia e os Estados Unidos da América e que permite a identificação dos passageiros, assim como a sua origem e destino, que acredita ser um instrumento eficaz na luta contra a criminalidade internacional e o terrorismo. “Há sete anos que voto a favor do PNR e há sete anos que é recusado sempre pelo mesmo motivo: a protecção de dados. Tiveram que acontecer os atentados terroristas em França para que um presidente socialista francês dizer que, afinal, o PNR é uma prioridade e, de repente, aqueles da esquerda que votaram sempre contra começarem a achar que o PNR é muito importante”, disse. Nuno Melo mostrou-se ainda preocupado por haver pessoas que viajam de avião sem que as entidades saibam quem são, de onde vêm, nem para onde vão. “Acho ridículo que durante sete anos não se tivesse controlado quem viaja de avião por haver quem entenda que a protecção de dados é um direito absoluto. Não é!”, afirmou o eurodeputado.