Agosto é sinónimo de férias. É o mês do calor, do verão, do retorno de muitos dos nossos familiares emigrados, das romarias das nossas freguesias, da praia acompanhada por amigos e bolas de berlim e claro, dos dias solarengos em reunião de família e capazes de revigorar aquela energia que nos falta para concretizar aqueles últimos objetivos do ano. Neste sentido, e porque acredito no tempo em família, decidi escrever uma crónica curta, simples e de fácil leitura.

Vou falar-lhe de Monchique.

Durante uma semana Monchique ardeu. Depois das catástrofes da Grécia e Suécia onde os mecanismos de solidariedade europeia foram ativados tamanha era o desespero de um povo, o maior incêndio da Europa aconteceu cá no nosso burgo, mais ou menos um ano depois de termos vivido um dos maiores dramas humanos que existe memória. As nossas televisões, a comunicação social e as redes sociais foram inundadas com imagens de um fogo que consumia florestas, destruía aldeias e novamente eramos um país onde o estado falia na proteção às pessoas e suas propriedades.

São mais de 40 os feridos, arderam mais de 11 mil hectares de floresta, instalações agrícolas totalmente destruídas como colmeias ou estações de alimentação para os animais e um sem número de histórias de vidas consumidas por um fogo que muito poucos conseguem entender e acertar na sua origem.

Quase 6 dias depois do inferno chegar aquelas gentes, António Costa e o seu Ministro chegam de helicóptero a Monchique. Não trouxeram água, mas tiveram a oportunidade, ou a infelicidade, para sobrevoar a região do Algarve e verificar a imensidão da destruição provocada pelo incêndio. Não trouxeram soluções, mas tiveram a oportunidade de estar no centro do teatro das operações para entender o que de errado foi feito e em que pontos temos obrigatoriamente que melhor no combate aos incêndios. Tiveram a oportunidade de ouvir os anseios, os medos e os desafios que a gente de Monchique teve e tem para o futuro depois de tanta e tamanha desgraça.

Mas, nada disto impediu o nosso primeiro-ministro de no final do dia escolher as únicas palavras, de entre todas que existem no dicionário do nosso português e que em nada são sinónimas do que realmente aconteceu em Monchique: Sucesso e Vitória.

Costa tinha a propaganda ensaiada desde o primeiro momento.

De Tweets afirmar o sucesso com um combate musculado e cheio de meios até simulações do centro de comando deslocado para a ilha paradisíaca onde passava férias com a família, tudo era momento para nos tomar por tontos e tentar passar a mensagem que tudo corria bem. No final, como uma cereja no topo do bolo, ouve-se “Monchique era a exceção que confirma o sucesso”.

Os quase 300 algarvios que tiveram de fugir às chamas em nada concordarão com o discurso e as palavras de Costa. “É extraordinário ninguém ter morrido”, ouviu-se também pelo Algarve, mas quantas destas vidas foram totalmente perdidas e destruídas por um incêndio que mais uma vez derrotou um Estado em que um povo depositou a esperança de o proteger?

Tenho uma enorme dificuldade em entender um Primeiro-Ministro que não compreenda quanto o seu povo sofreu e perdeu com este incêndio. São histórias de vida destruídas e consumidas por um fogo, que mais uma vez ganhou a batalha contra o nosso povo tão desprotegido e sozinho neste combate inglório.

Não passou um ano e pelos nossos pensamentos só passavam aquelas imagens que catalogavam o cenário de dantesco em Pedrogão Grande. A qualquer momento, temíamos que tudo podia voltar a acontecer: a desorganização, o descontrolo e as mortes.

Por Paredes, por sua vez, em Agosto o Partido Socialista decide trazer para o debate publico o Plano Diretor Municipal. Em nome da transparência Sr. Presidente?

Até Setembro, e boas férias.