Marcoussis

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Fernando Sena EstevesQuem diria que esta povoação de 8000 habitantes nos arredores de Paris viria a integrar-se no vocabulário do futebol português! Tudo porque a seleção portuguesa escolheu o Centro Nacional de Râguebi da respetiva federação francesa para o estágio do Euro 2016. Diga-se de passagem que a seleção portuguesa desta modalidade tem tido alguns sucessos nos últinos anos e os seus jogadores davam nas vistas pela forma intensa –  quase furiosa – como cantavam o Hino Nacional no início dos jogos. Creio que essa atitude levou os nossos selecionados de futebol a cantarem também o hino com entusiasmo. A qualidade do complexo de Marcoussis mostra a importância do râguebi em França, cuja seleção já venceu numerosas vezes o mais importantes dos seus torneios, o das Seis Nações, disputado também pela Itália, Irlanda, Escócia, Inglaterra e País de Gales. Acho que já posso deixar o râguebi e regressar mas é ao futebol, dizendo apenas que entre nós ainda prevalece o nome original da modalidade, rugby, e que passo muitas vezes por um antigo campo de futebol onde tudo mudou menos a inscrição original “FOOT-BALL CLUB DO PORTO”.

Não sei se os nossos jogadores, selecionador e Federação merecem ou não a vitória no Euro 2016. Mas quem a merece mesmo são os nossos emigrantes em França. Os que vão aos jogos mas sobretudo os que têm passado horas sem conta no centro de estágios de Marcoussis apoiando os nossos jogadores com a esperança, muitas vezes lograda ,de os vislumbrar ainda que ao longe e de passagem. E são tocantes o seu portuguesismo e alegria quando têm a ventura de assistir a algum dos treinos da seleção.

Quanto às táticas da nossa seleção, continuam subtis e eficazes. Subtis porque parecem escapar aos comentadores e selecionadores de bancada. E eficazes porque nos fazem ir avançando contra a espetativa de muito boa gente. O estímulo que Portugal deu à Islândia fez com que os nórdicos tirassem pontos aos nossos adversários do grupo e nos deixassem deparar uma relativamente acessível Croácia. A qual teve um certo galo, o tal que tivemos nós com a Áustria. A este respeito, foi bonito o gesto do Messi que na Taça América falhou um penálti na derrota da Argentina com o Chile na final do torneio, como que para consolar o Ronaldo que falhou também um contra a Áustria.

A estimulada Islândia venceu quase naturalmente a Inglaterra. Tão naturalmente que até parece que os jogadores ingleses fizeram uma votação para sairem do Euro 2016 como acabam de decidir para abandonarem a União Europeia. Ao contrário do País de Gales-Irlanda do Norte pois esta queria ficar na UE e saiu do Euro 2016, e com os galeses foi ao contrário. Entretanto …cansámos a Hungria com aqueles agitados 3-3; e veio a Bélgica e deu-lhes 4-0 ( o que talvez não merecesse o tal guarda-redes com calças de pijama! ) Cansámos também a Croácia, para o que foi necessário o prolongamento, coroado por aquela fulgurante avançada do Renato Sanches, passe milimétrico do Nani ao Cristiano Ronaldo que desferiu o seu único remate no jogo, cuja recarcarga vitoriosa foi da autoria da astuta “arma secreta” que dá pelo nome de Quaresma…

Agora temos por diante a Polónia e que bem nos saberia mais uma vitória, mais uns dias em Marcoussis e mais um dinheirito a juntar aos onze milhões que já cá cantam. A tal vitória que os nossos emigrantes tanto merecem.