Foi sempre “gordinha”, desde pequena, até que ultrapassou os 110 quilogramas de peso por volta dos 18 anos. O médico disse que ou emagrecia ou acabava numa cadeira de rodas. Assustou-se e iniciou um caminho de mudança que a havia de levar a pesar cerca de 56 quilogramas. Aos 34 anos, Rute Pinto, de Lousada, é uma nova mulher e lançou um livro onde relata a sua experiência, quem sabe, para inspirar outros. Em casa isso já resultou. A filha também já emagreceu.
“Nunca parei de tentar emagrecer, mas nunca resultava”
Rute Pinto nunca recusava comida sempre que lhe ofereciam. “Quando era pequena costumava comer em várias casas, a da mãe, a da tia…”, conta. Por volta dos 12 anos já pesava 90 quilogramas e chegada à adolescência não podia vestir o que queria e tinha vergonha de ir à escola, assume.
Por isso, anos mais tarde, por volta dos 18 anos, começou a tentar combater o problema. Avançou para dietas com a ajuda de produtos de ervanárias e nutricionistas. Mas andou no chamado “sobe e desce” durante anos. Emagreceu, por exemplo, 10 quilogramas para caber no vestido de casamento, aos 19 anos, peso que voltaria a ganhar depois. Também teve que parar todas as medicações para engravidar e o peso disparou. Voltou a engordar quando a filha nasceu por volta dos 21 anos.
“Nunca parei de tentar emagrecer, mas nunca resultava”, lamenta a lousadense, que frequenta agora um curso de técnica comercial.
Uma das últimas vezes que pisou a balança, antes de começar o processo que a havia de conduzir ao emagrecimento, tinha 28 anos e pesava 110 quilogramas. Um peso que ultrapassou, reconhece. “Pelo tamanho das roupas sei que passou disso, mas nunca mais me pesei. Fiquei assustada”, assume.
“O médico deu-me duas hipóteses: ou perdia peso ou ia fazer um bypass gástrico. De outra forma ficaria numa cadeira de rodas quando tivesse 40 anos”
Na altura trabalhava numa confecção e as dores de costas constantes levaram-na ao médico. Fez raio x à coluna e, quando voltou a consulta, em Agosto de 2013, o médico foi claro. “Deu-me duas hipóteses: ou perdia peso ou ia fazer um bypass gástrico. De outra forma ficaria numa cadeira de rodas quando tivesse 40 anos”, recorda. Foi encaminhada para o hospital, embora nunca tenha sido chamada.
Continuou a tentar emagrecer, mas só oito meses mais tarde, em Fevereiro de 2014, haveria de encontrar a nutricionista que a ajudou a mudar de vida, recomendada por uma amiga. Queria tentar perder peso para evitar a cirurgia.
Começou a seguir planos alimentares à sua medida, primeiro sem hidratos de carbono e com poucos alimentos. Os resultados foram surgindo e os planos alimentares evoluindo. “Aprendi a comer. Antes fazia duas a três refeições por dia e agora faço vários lanches”, dá como exemplo.
Dois anos depois tinha 66,9 quilogramas e o médico de família encaminhou-a para uma abdominoplastia que lhe permitiu retirar dois metros de pele na zona abdominal, em 2016.
A partir daí passou a fazer exercício com um personnal trainer, para tonificar. “Todos os dias faço 30 minutos de exercício, mesmo ao sábado e domingo”, explica. Pesa cerca de 56 quilogramas e diz que já não tem medo da balança.
Os amigos lançaram-lhe um desafio: contar a sua história para ajudar os outros. Foi o que fez. Escreveu um livro, recentemente lançado, chamado “60 Kg mais leve”, onde fala do seu percurso, com testemunhos, planos alimentares e exercícios. Faz ainda uma dedicatória à filha, que chegou aos 61 quilogramas e à obesidade, mas que também já emagreceu. “Quando viu os meus resultados também quis emagrecer e aprendeu a comer”, conta.
“Tinha vergonha de sair à rua e não podia ir a qualquer loja comprar roupa. Agora mudei completamente”
Rute Pinto acredita que o que fez está acessível a todos. “Não é difícil fazer isto e não é caro. Pago 25 euros mensais, isso não é desculpa. Nem a falta de tempo para treinar. Bastam 30 minutos”, sustenta. Mantém um plano alimentar equilibrado, evita excessos e bebe 1,5 litros de água por dia.
“Tinha vergonha de sair à rua e não podia ir a qualquer loja comprar roupa. Agora mudei completamente. Sou outra pessoa. Mudei o guarda-roupa e tenho outra auto-estima”, garante a lousadense que aconselha às pessoas que enfrentam o mesmo problema que não se refugiem em casa e peçam ajuda.
Com este livro espera dar o exemplo. “É uma história real. É preciso força de vontade e não desistir”, defende. “Este processo demorou quatro anos”, salienta ainda.
