O actual provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paredes, Ilídio Meireles, deixou em aberto, na última sexta-feira, à margem da exposição/venda de artigos de Natal que se encontra patente ao público até dia 8 deste mês, a possibilidade de se recandidatar às eleições para os órgãos sociais da instituição, agendadas para o dia 21 de Dezembro.

Apesar de não se querer comprometer, o provedor da Misericórdia de Paredes assumiu que é quase uma obrigação avançar para um novo mandato de quatro anos.

“Estamos numa fase em que temos de decidir se de facto vamos apresentar uma lista. A ideia é de apresentar uma lista que no fundo será a recondução desta para os próximos quatro anos. A minha vontade era, com franqueza, ir embora deixando cá uma equipa mais jovem, com mais capacidade de trabalho e mais dinâmica, mas infelizmente os nossos irmãos são de avançada idade e este rejuvenescimento será o desafio, se eu apresentar a lista. Temos esta semana para decidir”, adiantou.

“Pretendemos cativar a cidadania de Paredes, os munícipes, toda a gente, trazer pessoas com capacidades técnicas porque a instituição tem de pagar os trabalhos dos engenheiros, dos arquitectos, dos economistas, as candidaturas. A Santa Casa não dispõe de quadros pagos, o nosso quadro de pessoal administrativo não chega para isso nem tem vocação para essas áreas e não temos quem nos ajude de forma graciosa. As únicas pessoas que trabalham na Misericórdia sem qualquer gratificação, a expensas suas, com prejuízo das suas vidas pessoas e profissionais, são as da mesa administrativa. Sou eu, a mesa administrativa e as quatro pessoas que estão comigo. Infelizmente, estão todos reformados ao contrário de mim. E não ganhamos nada com isso. Ganhamos o prazer de dizer que trabalhamos em benefício dos outros. Temos esta obrigação social. O meu pai toda a vida trabalhou aqui pelo que mantemos uma relação umbilical à instituição”, disse, confirmando que a instituição não pode cair num vazio directivo.

“Tenho a obrigação de apresentar uma lista, o que é diferente. Não existindo gente activa, com capacidade para nos substituir parece que temos a obrigação de continuar para não deixar cair isto no vazio”

“Tenho a obrigação de apresentar uma lista, o que é diferente. Não existindo gente activa, com capacidade para nos substituir parece que temos a obrigação de continuar para não deixar cair isto no vazio. Por isso é que eu não tenho uma lista feita, esta semana vamos decidir se será a recondução da lista que está em exercício, mas é mais por uma obrigação e porque existem vários desafios em andamento. Também é injusto para quem viesse tomar conta de um programa tão ambicioso e com a dificuldade de execução que este tem. Acho que temos uma obrigação perante a sociedade e quando assumimos o cargo há sete anos e fomos reeleitos há quatro. Temos a obrigação de dizer estamos aqui”, referiu ainda o actual provedor da instituição. “Temos capacidade para trabalhar e estamos disponíveis para trabalhar, agora, não vamos continuar muito para além do próximo mandato. Isso está fora de questão. O mandato é de quatro anos. Só podemos fazer três mandatos como os políticos, mas não estou interessado em prolongar-me aqui. O limite era este, mas admitindo estas circunstâncias e eu não vislumbrar vontade de ninguém em vir ocupar estes lugares, estamos na disposição de apresentar uma lista. Há uma vontade expressa que ultrapassa muito a nossa vontade. Somos escravos da nossa assumpção de responsabilidades e, portanto, eu não posso abandonar isto. É evidente se aparecer outra lista e ganhe, tudo bem. Óptimo. Estou libertado desta obrigação”, expressou, sustentando que o seu grande propósito para o próximo mandato é abrir ainda mais a Misericórdia à comunidade no sentido da comunidade se interessar por ela e participar nos destinos daquela.

Fazendo um balanço dos últimos quatro anos, Ilídio Meireles realçou que não lhe compete a ele fazer balanços, reconhecendo, no entanto, que muita obra foi feita, e existem projectos em curso que vão afirmar ainda mais a instituição na sociedade.

“Nos últimos sete anos procedemos à valorização do património. Tínhamos um património imenso, mas absolutamente degradado. Reformulamos todo o rés-do-chão, retiramos de dentro deste edifício a lavandaria, retiramos os serviços administrativos que colocamos noutro edifício que também é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Paredes,  fizemos remodelações parciais em casas à medida que foram ficando vagas, fizemos a pavimentação do parque de estacionamento do lar virado para a Feira, fizemos intervenções no jardim infantil”, aludiu, acrescentando que a Misericórdia de Paredes tem, também, em curso vários projectos nomeadamente uma nova creche em parceria com a Câmara de Paredes no Oural, o projecto do lar de Baltar, para a construção de mais de 40 camas, o projecto de requalificação do jardim infantil, que está a necessitar de obras, o projecto de eficiência energética para melhor as condições do edifício central da Santa Casa, que prevê a intervenção  ao nível do telhado, colocação de paneis  fotovoltaicos.

“Projectos temos muitos, acção temos muita, faltam-nos os meios. Se esses meios não vierem financiados é evidente que não poderemos fazer tudo”, sublinhou.