Começou a funcionar no início de Fevereiro o Hospital de Dia de Oncologia no Pólo de Valongo do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) que tem capacidade para fazer tratamentos a 15 doentes por dia. A meta passa por prestar serviços de maior proximidade aos utentes, do concelho de Valongo, mas também limítrofes, como Paredes ou Gondomar, entre outros, enquanto se retira pressão do Hospital de São João, sujeito a uma elevada procura.

Durante uma visita realizada esta sexta-feira, Carlos Dias, responsável pelo Pólo de Valongo do CHUSJ, salientou que estes Hospital de Dia não foi “a custo zero”, resultando apenas do aproveitamento e remodelação do espaço.

“O Hospital de Dia começou por ser polivalente para fazer tratamentos sobretudo com ferro endovenoso. Para aliviar o Hospital de São João, que está saturado com muitos doentes e muito tempo de espera, e também atendendo à proximidade decidimos criar um Hospital de Dia aqui em Valongo que começou por ser polivalente para fazer tratamentos sobretudo com ferro endovenoso, há cerca de um ano”, recorda Carlos Dias.

Agora está mais vocacionado para doentes com cancro. “Tencionamos fazer aqui 12 a 15 tratamentos por dia de oncologia. Só no ano passado fizemos cerca de 1000 sessões aqui em Valongo, o que aliviou muito o Hospital de São João”, garante.

Miguel Barbosa, director do Serviço de Oncologia do CHUSJ, sustenta que a principal meta deste hospital de dia é estarem “mais perto das pessoas”. “No pólo do Porto temos uma procura muito grande para o pouco espaço de que dispomos. Quisemos, mantendo a mesma qualidade de tratamento que temos lá, abrir um espaço em Valongo onde possamos estar mais perto das pessoas e dar um tratamento com a mesma qualidade técnica e maior disponibilidade dos profissionais”, afirma o médico.

Para ali são encaminhados os doentes que vivem nas imediações e que conseguem benefícios no tempo de viagem. São sobretudo tratados doentes com terapêutica de suporte a nível ósseo e também patologia oncológica da mama. A média do tratamento por doente é de cerca de uma hora a uma hora e meia. É dada sobretudo terapêutica biológica e imunomodeladora.

“O número de doentes tem crescido assim como a taxa de sobrevivência. Isso constitui uma sobrecarga imensa para os sistemas de saúde. É necessário haver respostas. A abertura deste Hospital de Dia é uma dessas respostas”, garante o clínico, realçando a importância da interacção entre os doentes e os profissionais de saúde que os acompanham ali. Ao todo são seis profissionais, desde médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal administrativo.

Para Maria Teixeira, do Porto, este Hospital de Dia em Valongo é “mais sossegado, mais calmo e mais humano”. A mulher de 67 anos tem um problema na mama e metástases na coluna. “Entrei no Hospital de São João em Novembro. Tinha dores horríveis e mal conseguia descer escadas. Agora não consigo baixar-me, levantar ou tomar banho sozinha e ando de cadeira de rodas ou apoiada. Este é o meu terceiro tratamento. Posso reforçar a parte óssea e conseguir andar sozinha, isso já era uma vitória”, explica, considerando que este Hospital de Dia é “óptimo” e os funcionários “espectaculares”. Vir do Porto para Valongo diz, não oferece qualquer transtorno.

A comitiva, que contou com Fernando Araújo, presidente do Conselho de Administração do CHUSJ, visitou ainda as instalações da Consulta de Oftalmologia e a obra do Centro de Diálise, que está previsto abrir em Junho.