Hélio Rebelo assumiu, este fim-de-semana, que é candidato à presidência da comissão política do PSD Valongo. A meta da lista que encabeça – designada Movimento V25 – é preparar o partido para enfrentar o desafio de vencer as autárquicas de 2025, altura em que altera o ciclo político, já que o actual presidente da Câmara, eleito pelo PS, não se pode recandidatar.

Mostra-se crítico em relação à actual gestão municipal do PS, mas também sobre a postura do próprio partido e quer ser uma alternativa. O PSD Valongo está “fechado” e “tem muita dificuldade em ouvir e representar os munícipes”. Já o executivo socialista é “uma espécie de empresa de espectáculos” que só pensa a curto prazo.

Na corrida é esperada pelo menos mais uma lista “de continuidade”, adianta. As eleições são a 8 de Outubro.

É preciso ser alternativa à governação socialista

O município de Valongo estagnou e “é hoje um dos concelhos da Área Metropolitana do Porto com os piores indicadores de qualidade de vida da população”, sustenta a lista encabeçada por Hélio Rebelo.

Nos últimos anos, critica o candidato à liderança do PSD, a política do PS foi de “aposta na promoção do concelho numa vertente mais cultural e recreativa, baseada em festas”, numa visão de curto prazo, quando o concelho continua a ter “zonas industriais desertas” e sem mudanças em relação a 2013. “A Zona Industrial de Campo continua com o mesmo número de empresas e as vias e arruamentos são as mesmas, sem manutenção. A Zona Industrial de Alfena está na mesma e não avançaram outras zonas industriais de que se falava”, dá como exemplo. “Um concelho só estará bem se produzir e captar riqueza, só assim os munícipes viverão melhor. Este modelo do PS vive do curto prazo e do hoje”, aponta o social-democrata ao Verdadeiro Olhar.

A par disso, preocupa-o o aumento de despesa corrente a médio e longo prazo, inflaccionada por todos os eventos promovidos pelo PS. “Hoje em dia temos uma Câmara que é uma espécie de empresa de espectáculos. Compreendo que, no curto prazo, os munícipes gostem. Mas continuamos a ter pouco apoio noutras áreas, como a Educação”, afirma, apontando os “milhares a serem gastos de forma excessiva em eventos que têm cariz pontual e que pouco deixam”. “Quando se promovem as festas da Regueifa e Brinquedo – e até acho bem que se promovam as logomarcas – há uma linha a partir da qual se começa a entrar no que é excessivo. Podemos ter uma festa e um artista, mas não precisamos de ter três ou quatro para a mesma festa”, exemplifica. Isso poderá levar executivos futuros a terem dificuldades em governar a Câmara. “O PS não olha a um horizonte de 10 anos”, critica.

Hélio Rebelo acredita que é preciso apresentar um projecto alternativo, ao executivo PS e ao próprio partido em termos locais, com a meta de regressarem em poder em 2025. “O PSD tem de perceber que a preparação para um ciclo autárquico tem de ser sempre uma visão a quatro anos. Não se consegue ganhar eleições com campanha no último meio ano”, começa por dizer. É preciso trabalho, gerar notoriedade e credibilidade. “As pessoas hoje ainda não reconhecem no PSD a nível local como uma alternativa à governação socialista. Temos de trabalhar para mostrar que há alternativa, que há outra forma de gerir que não pensa apenas no curto prazo”, sustenta o candidato.

O social-democrata assume que o actual PSD Valongo “continua fechado” e “tem muita dificuldade em ouvir e representar os munícipes”. “As eleições foram em Setembro e, um ano depois, não se reconhece ao actual PSD uma medida que tenha defendido e questões que tenha levantado quanto à actual governação socialista”, critica. E dá exemplo: “A cidade sofreu alterações de mobilidade feitas de forma atabalhoada e o PSD não se fez ouvir, quando Valongo precisa que se pense urgentemente na circular externa para que se possa passar de Campo para Ermesinde de forma ágil sem colocar pressão no tráfego da cidade. Estamos a colocar pensos e a adiar a grande cirurgia para anos mais tarde, porque custa dinheiro, e o PSD devia bater o pé e fazer-se ouvir”.

Também é preciso, argumenta ainda, chamar os militantes ao partido, já que se gerou um afastamento. “Tivemos eleições para a distrital do PSD Porto e votaram 22 pessoas em Valongo. Um número insignificante quando há cerca de 300 militantes activos. Acredito que a culpa não é dos militantes, mas da falta de actividades e informação”, afirma Hélio Rebelo.

O candidato não conta disputar esta corrida sozinho. “Tenho conhecimento que há uma segunda lista, de continuidade, que é suportada pelas mesmas pessoas que têm suportado o partido desde 2013, mas estou convicto que dificilmente fará melhor que aquilo que tem feito. Não se consegue fazer diferente com as mesmas pessoas. Daí ter tomado a decisão de avançar, embora saiba que não é uma luta interna fácil”, admite.

Este Movimento também apresenta lista às Comissões Políticas de Núcleo de Ermesinde e Campo/Sobrado, sendo a candidatura de Ermesinde encabeçada por Rui Abreu, deputado municipal, e a de Campo/Sobrado por Diogo Pastor (recandidato).

Hélio Rebelo é natural de Campo, tem 42 anos, e é engenheiro de formação, sendo actualmente consultor e gestor de empresas. Já foi vereador da Câmara Municipal, membro da Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia de Campo e chefe de gabinete do presidente da Câmara, sendo ainda dirigente e associado de várias instituições do concelho de Valongo.