A palavra mais repetida nos discursos políticos e nos cartazes afixados no concelho de Paredes é mudança – “é tempo de mudança”, “mudança e verdade”, “nós somos a mudança”. Se faz sentido falar de mudança a quem se candidata para um lugar que nunca ocupou e com propostas novas, não faz sentido quando os candidatos já lá estavam, estão e nada fizeram para mudar. Apetece questionar, se pretendem mudar porque o não fizeram já? Quando tanto se aposta em mudança é porque o presente não agrada. Não agrada nem a gregos nem a troianos, isto é, nem aos seus próprios executantes. Há 24 anos que o concelho é governado pelo PSD. Teve apenas dois líderes. Um presidente sucedeu ao outro. Em 2005 o novo líder anunciou mudança e diferença, iludiu quem acreditou, mas como diz o povo, a cópia foi ainda pior que o original. Agora, o terceiro candidato do mesmo regime, mais uma vez promete mudar. Será? O concelho estagnou. O termo de comparação e referência são os concelhos vizinhos da mesma região do Vale do Sousa. Nessa comparação constatamos que falharam em toda a linha, no urbanismo, nas infraestruturas, no pouco património que adquiriram, numa agenda cultural sem sequência nem consequência, no escasso desenvolvimento económico com pequena repercussão no concelho, na nula captação de turismo e mesmo na educação, onde apesar de tudo alguma coisa se fez. Fizeram-se edifícios de difícil manutenção e desmesuradamente caros para os muitos problemas que têm. Não somos só nós quem o diz. Os problemas têm sido identificados e denunciados pelos seus utilizadores, professores, alunos ou associações de pais.

O concelho de Paredes, o 27º maior concelho em população, entre os 308 concelhos do país, precisa realmente de uma mudança, mas de uma “mudança de verdade”. Precisa de uma mudança de paradigma, mudança de política, de metodologia e principalmente de protagonistas.

Na proposta do PSD o candidato a presidente da Câmara é um funcionário superior da própria Câmara e logo o responsável pelo Departamento Financeiro, isto é, quem não pode ignorar o estado a que a coisa chegou. É a pessoa que mais poderia ter influenciado por dentro novos rumos, novas energias. Porque não o fez então e promete agora fazer? Os restantes 2 primeiros candidatos a vereadores já o eram no anterior executivo. O 4º candidato é também funcionário e responsável por muitas das decisões do anterior executivo.  Onde está a mudança?

Quanto aos conteúdos programáticos? Há uma real mudança anunciada. Tudo o que a oposição (PS) propôs durante os últimos 8 anos, e que foi considerado inviável no anterior executivo, passou agora a ser prioritário porque é popular: a diminuição do IMI para a Taxa mínima, o pagamento dos manuais escolares até ao 12º ano, a revisão da circulação automóvel dentro da cidade, a deslocação da feira franca, a revitalização da cidade de Paredes, sede do concelho etc..etc.. propostas que foram motivo de discussão e de debates acalorados na vereação e na Assembleia Municipal e sempre recusadas pelo PSD. Mudança? Sim, pela antecipação e falta de inovação.   Mas o PS que durante os últimos anos lutou por todas estas propostas, acrescenta a necessidade de mudar a metodologia do financiamento e execução das obras públicas, da transparência pública das contas e concursos, da partilha das decisões com as juntas de freguesia, dos programas a quatro anos e não apenas nos últimos seis meses do mandato, resolver a situação da comunidade cigana, de forma digna e partilhada, renegociar o negócio das águas, reiniciar a construção do saneamento básico, etc… etc…. Aqui sim, existe mudança de protagonistas, de ideias, de metodologias, sem receio da exposição pública de todas as decisões e consequências destas. Tarefa gigantesca que não cabe num mandato só mas que tem que ser enfrentada de frente e não empurrada com a barriga como o foi até agora. Afinal, não está tudo feito. Muito há para fazer. Sim, é necessária a mudança, com verdade e de verdade e não o “flop” da mudança.