Agostinho Gaspar RibeiroAntónio Costa fez toda a sua campanha eleitoral a prometer facilidades. Essa era a única hipótese de vitória: dizer exatamente o contrário de Pedro Passos Coelho e esperar que os portugueses desfavoráveis à Coligação optassem pelo “voto útil”.

Por outras palavras, Costa teria de enganar os eleitores duas vezes: uma na campanha (prometendo o fim da austeridade) e outra na governação (camuflando a austeridade). Isto, claro, se ganhasse – o que não aconteceu.

Esta hipocrisia não espanta ninguém: todos nós assistimos ao tipo de oposição que o Partido Socialista fez a Passos Coelho. Toda a estrutura do PS conhecia o nível desastroso em que Sócrates e Teixeira dos Santos tinham deixado as contas públicas. Sabiam o que dizia o memorando assinado por esse governo com a “troika”. E percebiam que Portugal só se recuperaria se aplicasse políticas de rigor, algumas delas dolorosas.

E, mesmo assim, os socialistas clamavam diariamente pelo fim da austeridade, acusando o governo PSD/CDS de ser “austeritário” por pura crueldade.

Ora, o estilo de oposição e a estratégia de campanha do PS esbarram agora na dura realidade. Uma realidade que tem funcionado como travão do lirismo das esquerdas radicais de toda a Europa.

António Costa encontra-se – por isso – entre a espada e a parede: por um lado, tem de cumprir a promessa do fim da austeridade; por outro, sabe que o eleitoralismo e a irresponsabilidade podem levar Portugal novamente ao buraco.

Qual é a solução? Fingir! Fingir que a austeridade acabou, fingir que não há qualquer aumento de impostos, fingir que deixam de ser “os mesmos de sempre” a pagar a crise, fingir que são os ricos os prejudicados.

Quando dizem que diminuíram o IRS para quase todos os portugueses, sabemos estão a fingir, porque 52,6% já estavam isentos.

Quando dizem que diminuíram as taxas moderadoras para quase todos os portugueses, sabemos estão a fingir, porque mais de metade já estavam isentos.

É verdade que privilegiam algumas classes sociais mas mesmo aí estão a fingir, porque aumentam os impostos indiretos, penalizando as empresas e a classe média. E fazem subir o custo dos combustíveis.

O fim da austeridade é, como se pode ver, uma simulação socialista. E há dois socialistas lousadenses que aplaudem: o presidente da Câmara Municipal e o líder do PS local.

A pergunta que faço a estes dois lousadenses é simples: concordam com este fingimento?

Se concordam, então são cúmplices da política da falsidade e do aumento camuflado da carga fiscal.

Se não concordam, tenham a coragem de o manifestar!