O ano de 2021 começa a fechar as contas e os balanços são, por si só, inevitáveis, numa retrospetiva sobre os principais acontecimentos que marcaram mais uma página da nossa história, uma vez mais dominada pela pandemia e pelos efeitos que parecem perdurar sobre o mundo.

No nosso país, preparamo-nos para encerrar 2021 de uma forma que nos surpreende a todos, com umas eleições legislativas à vista no início do próximo ano, depois do chumbo da proposta de orçamento de estado para 2022, que continua a merecer a mesma estranheza da opinião pública e a incapacidade dos portugueses em perceber as trocas e voltas que os diversos partidos da oposição deram durante este processo.

Uma direita e uma esquerda que tanto têm promovido a diferença entre si e que, na hora da verdade, se juntaram com o objetivo único de derrubar o Governo, alinhando em estratégias políticas de puro tacticismo, completamente despropositadas no momento em que vivemos, onde a responsabilidade deveria ser prioritária.

Depois de uma longa travessia de combate à pandemia, que no caso de Portugal se pode dizer que foi de grande sucesso, com os países ao nosso lado a debaterem-se com maiores dificuldades, que não encontramos no país fruto da resiliência e grande sentido cívico de todos, estávamos precisamente na fase de retoma com sinais muito positivos da economia nacional, um trajeto interrompido inexplicavelmente por meros caprichos de natureza pessoal e política.

O que nós assistimos mais não foi do que uma direita em plena convulsão interna, com os seus líderes a serem questionados pela ausência de projeto político para o país, e uma esquerda desorientada, que veio dar o dito por não dito, após ter apoiado este interesse desmedido de chegar ao poder do PSD e CDS-PP, como boia de salvamento, arrependendo-se rapidamente da trapalhada em que colocou Portugal.

Perante um orçamento que se aproximou totalmente das exigências da esquerda, o PCP e Bloco de Esquerda alinharam neste golpe, imbuídos pelo entusiasmo da direita, que face à incapacidade que tem revelado em criar uma alternativa válida e credível, percebeu que a única forma de alimentar a chegada ao poder seria por este meio, derrubando um Governo que continua a apresentar indicadores históricos, como as mais baixas taxas de desemprego de sempre, a recuperação progressiva da economia e devolução de direitos fundamentais retirados pelo Governo anterior do PSD e CDS-PP, em simultâneo com contas públicas que são constantemente elogiadas pelos nossos parceiros europeus, atingindo os mais baixos défices orçamentais dos últimos anos.

Estes resultados são consequência da competência política e técnica do atual Governo, suportada por uma maioria de autarcas socialistas no país, que foi confirmada no ato eleitoral autárquico deste ano com particular incidência na região do Vale do Sousa e no distrito do Porto, onde os Executivos do PS saíram com votações reforçadas e se afirmaram alternativas de futuronos concelhos onde o Partido Socialista não é poder, conquistando a liderança da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa e da Área Metropolitana do Porto.

A conjugação desta frente política culminou neste último fim de semana com a motivadora eleição da Luísa Salgueiro enquanto Presidente da Associação Nacional de Municípios, um reconhecimento pelo extraordinário trabalho desenvolvido em Matosinhos e um sinal de grande otimismo para os desafios que não podemos colocar de parte perante as dificuldades atuais, como a regionalização e a capacidade de fazer crescer o território num modelo de sustentabilidade e igualdade de oportunidades.

Este será um bom pronúncio para o Tâmega e Sousa, que merece outra atenção face à sua capacidade produtiva e pelo contributo que empresta à economia portuguesa, promovendo o emprego, a dinamização económica e o desenvolvimento social. Dimensões estas que deverão ser acompanhadas pela qualificação profissional e dos salários, pela maior fixação da população, oferendo melhores condições de mobilidade e habitação, por meio da aposta na ferrovia e numa política habitacional de reforço do parque público e do arrendamento acessível, que numa lógica de coesão social e territorial poderão estimular a afirmação da região e das suas populações.

1 Comentário

  1. Sobre o chumbo do orçamento e as eleições antecipadas…
    “Zangam-se as comadres descobrem-se as verdades…” É preciso ter memória curta ou falta de noção para vir, passados 6 anos de (des)governação PS com o apoio da extrema esquerda, apontar o dedo à direita pelo chumbo no orçamento. Sim, o mesmo Partido que pela boca do seu Líder António Costa (e potenciais futuros líderes Medina, Pedro Nuno Santos, …) rejeitou desde a primeira hora qualquer entendimento à direita, preferindo acordos à esquerda, vem agora culpar a direita pelo chumbo do Orçamento? Só falta de memória de quem vive numa realidade alternativa, pode justificar tal acusação.
    O chumbo do orçamento é culpa do PS e dos seus parceiros de Esquerda.

    Em abono da verdade, ainda bem que o orçamento foi rejeitado. Tratava-se de uma mau orçamento para o país, com conceções absurdas à esquerda apenas (nas suas palavras) por tacticismos político do PS que queria a todo o custo manter-se no poder. Não hajam ilusões…

    os primeiros 4 anos de governo do PS com as esquerdas anos serão penosos para o futuro de Portugal. Foram uma oportunidade perdida para o crescimento económico de Portugal, onde toda a política se resumiu à distribuição de rendimentos, por um lado, e a uma austeridade encapotada, por outro. Com o lema das “contas certas” apoiada numa politica de cativações, fomos sendo ultrapassados em matéria de crescimento pelos nossos concorrentes europeus mais directos.

    Relativamente aos rasgados elogios a Luísa Salgueiro, talvez sejam da época natalícia em que vivemos. Em todo o caso, para avivar a memória, recomendo a leitura https://blasfemias.net/2020/01/10/luisa-salgueiro-e-matosinhos-comprimos/.

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