No dia 26 de maio terão lugar as eleições europeias.

Geralmente este acto eleitoral é relativizado pela maioria da população, não apenas pela elevada abstenção que se faz sentir, como e, em muitos casos, por desconhecimento da real importância que estas eleições representam para a nossa vida colectiva.

O Parlamento Europeu é uma das três principais instituições da União Europeia, defendendo o interesse comum da União Europeia, representando nos dias de hoje uma importância vital e decisiva para todos os estados membros.

A Europa e os seus ditames condicionam decisivamente o “modus vivendi” dos seus estados, pelo que a participação nestes actos eleitorais, devia ser condizente com a dimensão europeia.

Uma palavra de reconhecimento é devida sempre que se fala na Europa, àquele que foi considerado por muitos como o arquitecto da União Europeia – na altura CEE – Jean Monnet.

Esta personalidade francesa conhecida como um internacionalista pragmático e muito bem relacionado, ficou igualmente ligado ao Plano Schuman.

Fazendo um pouco de história, em bom rigor, e tal como Jean Monnet, também Robert Schuman, um dos “Pais da Europa” e então Ministro Francês dos Negócios Estrangeiros, fundamentou e apresentou a proposta de criação de uma Europa organizada, para a manutenção de relações cordiais e sem conflitos no seio de todos os estados Europeus, que tinham acabado de sair de uma Guerra que a devastou – a II Guerra Mundial.

A proposta conhecida como “Declaração Schuman”, é comummente vista e aceite como sendo o começo da criação do que é hoje a União Europeia.

Por conseguinte, os estados membros da europa deviam ver estas eleições como uma prioridade e não como algo secundário, como em regra acontece.

Por cá, teremos umas eleições que não divergirão muito do paradigma anterior, e porventura até com semelhanças nos resultados eleitorais, sendo certo que, para alguns a avaliação que será feita das eleições será diametralmente oposta à que anos atrás fizeram e disseram.

Mas a política é assim, por vezes fértil em mudanças de opinião de acordo com as posições que se ocupam ou vão ocupando.

De todos os candidatos que se apresentam nestas eleições, sem menorizar nenhum dos restantes, destacam-se dois: Pedro Marques (PS) e Paulo Rangel (PSD).

Aquilo que muitos esperam, e nomeadamente os que se revêm na candidatura liderada por Pedro Marques, ex ministro do planeamento, é que este candidato que representa uma nova geração socialista, seja um excelente deputado europeu, e que seja o porta voz da defesa de Portugal e dos Portugueses no hemiciclo europeu.

Já no que toca ao velho conhecido e repetente candidato do PSD Paulo Rangel, não esquecer que foi esta personalidade que se colocou tacitamente ao lado presidente do PPE, Manfred Weber, que em meados de 2016 enviou uma carta ao presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pedindo-lhe, na prática, para aplicar sanções aos países da zona euro que não tenham cumprido o défice de 3% nesse ano, e nomeadamente Portugal e Espanha.

Em bom rigor, a posição deste deputado que já atingiu na europa quase “a limitação de mandatos”, é um expert no ataque aos seus adversários, mas devia, por decoro e respeito explicar pausada e detalhadamente a todos os portugueses as razões pelas quais não se opôs à aplicação de sanções a Portugal.

Não basta dizer tout cour e apelidar o seu adversário que, na sua opinião foi um mau ministro do planeamento, seria deveras importante pedir ao senhor deputado Paulo Rangel em funções há 10 anos na Europa, o seu “relatório de contas” na defesa de Portugal e bem assim, explicar alguns comportamentos titubeantes que foi tendo ao longo da legislatura.

Sempre fui e serei contra a partidarite aguda, seja à escala europeia, nacional ou local, pois a “obediência” aos partidos tem limites, mas o episódio protagonizado por Paulo Rangel em 2016 espero que seja relembrado aos Portugueses durante a campanha eleitoral que está no terreno.

São porventura também por estas diatribes e escolhas de alguns protagonistas (que poucos percebem), que levam as pessoas, e até os que têm responsabilidades partidárias a não se envolverem como seria desejável nestas eleições.

E é pena, porque a Europa e os seus fundadores mereciam a atenção e o envolvimento de todos!