Os invernos longos e rigorosos dos últimos anos têm dado lugar a invernos menos agrestes. Se é verdade que não temos tido grandes motivos de reclamação junto de S. Pedro, não é menos verdade que estes dias mais frios reclamam o aconchego do lar. Na ausência deste, durante o período de trabalho ou de aulas, esperamos pelos menos que não nos gelem os pés nem mãos. Ora é isto precisamente que não tem acontecido em muitas das escolas portuguesas, onde nem a duplicação de pares de meias evita o enregelar dos pés.
De facto, o desconforto provocado pelo frio não é propício ao trabalho intelectual. Todos os anos há protestos, mas as escolas onde o aquecimento é insuficiente ou inexistente continuam a existir. A energia em Portugal é demasiado cara e, por isso, o aquecimento é um luxo. Para além das clivagens sócio-económicas que caracterizam o país e se refletem na vida escolar, há ainda no inverno a questão da temperatura: uns trabalham confortavelmente, outros tentam, durante 100 minutos, nalguns casos, esfregar as mãos, para evitar as frieiras.
Por isso (não queria falar disso, mas não consegui fugir ao tema), quando resolverem fazer novo ranking das escolas (o que será para breve, porque há quem goste ou ganhe com isso) sugiro que, para além de outros fatores, que têm sido avançados, se tenha em conta também a temperatura!
Numa altura em que o discurso vigente anda à volta dos descongelamentos, aproveito para pedir ao Governo que olhe para as escolas e pense seriamente em dotá-las de sistemas de aquecimento modernos, eficientes e amigos do ambiente. Um investimento com retorno!
Os alunos ainda se mostraram esperançados em aumentar uns graus à temperatura com o orçamento participativo das escolas, mas logo morreram as esperanças quando tomaram conhecimento do valor em causa. Não deixa, no entanto, de ser uma boa ideia, para promover a cidadania ativa, a cultura de participação e o empreendedorismo. Assim, continuaremos a beneficiar do calor humano, já que o frio atmosférico continuará pelo menos até à primavera, altura em que a temperatura certamente subirá.