Capão à Freamunde pronto para degustar em mais uma Semana Gastronómica

Certame gastronómico quer atrair mais visitantes ao concelho e manter aposta em iguaria única no concelho e no país. Produtores, associações e restaurantes reconhecem que produto funciona como potenciador da economia local.

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Foi apresentada esta, segunda-feira, numa unidade de restauração da cidade de Paços de Ferreira, a XIV Semana Gastronómica do Capão à Freamunde, que decorre de 30 de Novembro a 13 de Dezembro, numa iniciativa que contou com vários actores a agentes locais ligados à promoção desta iguaria única no concelho.

Este ano mantêm-se os mesmos 14 restaurantes da edição transacta e o mesmo figurino, com os apreciadores desta iguaria única no país a terem a possibilidade de degustar uma carne com características próprias e um nodo de produzir também próprio e solicitar à dose a quantidade que querem consumir.

Já esta segunda-feira, em Paços de Ferreira, um pequeno grupo de convidados, actores e agentes locais e da região, tiveram a possibilidade de saborear o Capão à Freamunde, um produto certificado com Indicação Geográfica Protegida (IGP), antecipando assim o início da Semana Gastronómica e os 300 anos do Capão à Freamunde que, este ano, a cidade está a comemorar, uma tradição do concelho que terá sido reconhecida, por alvará régio, em 1719.

A semana gastronómica volta a integrar o prémio ao melhor capão entregue no dia 12, na Quinta do Pinheiro, em Freamunde, durante o Jantar de Gala promovido pela Associação de Jovens Ao Futuro (AJAF), com o apoio da Confraria do Capão, da Associação de Criadores de Capão e da Junta de Freguesia de Freamunde, em parceria com a Câmara Municipal de Paços de Ferreira. Neste evento, reúnem-se à mesma mesa vários apreciadores deste prato, convidados de confrarias, produtores e gastrónomos, jornalistas e personalidades estrangeiras que se deslocam à Capital Europeia do Móvel para da saborearem um “manjar dos deuses”.

No dia 13 de Dezembro, realiza-se a tradicional “Feiras dos Capões”, onde vários produtores de galináceos participam no concurso de melhor capão vivo. Esta é uma ocasião única para serem apreciados diversos exemplares de rara beleza. O concurso visa, fundamentalmente, incentivar os criadores de capão a manterem viva esta tradição de Freamunde.

Na sua intervenção, o presidente da Câmara de Paços de Ferreira, Humberto Brito, realçou que o Capão à Freamunde é uma iguaria que tem trazido cada vez mais pessoas ao concelho, tem ajudado a potenciar a economia local e projectado o território a nível nacional.

“Esta é uma semana importante na vida do concelho porque promove um dos produtos mais emblemáticos que temos para oferecer às pessoas que nos visitam. A semana gastronómica visa assinalar este produto endógeno do concelho que tem trazido cada vez mais pessoas ao concelho. Queremos aproveitar todos os canais de comunicação, seja nas redes sociais para trazer mais pessoas ao território porque conhecemos a mais-valia que este produto representa para os restaurantes aderentes, mas também para os outros que não aderiram, mas que durante estes dias vendem o Capão à Freamunde”, afirmou, sustentando que a Semana é uma parceria entre várias entidades, uma parecia popular com a comunidade local que entende que este é um produto com potencialidades únicas e que identifica o território.

O autarca sublinhou que tem havido uma evolução na promoção do capão nos últimos anos que tem contribuído de forma significativa para a afirmação e notoriedade do município.

“Conhecemos o grau de exigência dos produtos ligados à gastronomia e aos produtores diferenciadores como é o caso do Capão à Freamunde. A certificação, a criação da Indicação Geográfica Protegida (IGP) assim como o trabalho feito pelas entidades envolvidas neste processo tem dado garantias às pessoas que este é um produto único”, assegurou.

Questionado sobre o número de visitantes esperados para a Semana Gastronómica, o chefe do executivo não se quis comprometer com qualquer valor.

“Não tenho esses dados, o que sei é que o número de pessoas dos vários pontos do país tem aumentado. Também gostaria que tivéssemos mais restaurantes aderentes”, confessou.

“São 300 anos de história com uma componente virada para a gastronomia. É todo um produto que tem uma história sustentável de crescimento. É um produto de elevada qualidade e o nosso desafio é manter esse registo”

O responsável executivo manifestou, também, que o capão à Freamunde tem um legado histórico que deve ser preservado.

“É um produto sustentável. São 300 anos de história com uma componente virada para a gastronomia. É todo um produto que tem uma história sustentável de crescimento. É um produto de elevada qualidade e o nosso desafio é manter esse registo”, expressou.

O vice-presidente da Associação de Criadores de Capão, João Paulo Carvalho, reconheceu que este é um produto em expansão, tendo-se registado um aumento de 20% no capão certificado que passou de 400 para 600.

“Este ano, obtivemos um aumento do capão certificado de 20%, o que é  um aumento significativo. É evidente que existem mais capões que não são certificados, mas essa é a nossa luta convencer os produtores. Estamos a tentar sensibilizar os vários actores, criar redes de forma a potenciar o produto e afirmá-lo”, concretizou, sublinhando que o capão é uma ave que requer determinados cuidados na sua criação.

“Estamos a falar de um negócio familiar, a alimentação da ave é quase toda feita de grão e farinhas, restos da panificação, cereais, verduras e implica muita despesa. Sou produtor, este ano capei 200 e foram mortos por uma doninha 48, tendo tido um prejuízo de 1500 euros. Tenho uma área de três mil metros quadrados, mas um metro quadrado para galinheiro e no mínimo 10 metros para os capões passearam no campo é suficiente”, avançou, garantindo que são necessários nove messes para a carne ficar mais compacta e com o sabor que caracteriza este produto.

“Um Capão à Freamunde pesa entre seis a oito quilos o seu preço pode atingir os 60 euros, pode ir aos 70 ou 80 euros ”, sustentou, revelando que esta iguaria nunca vai morrer, tem um legado histórico imenso, sendo a única ave certificada na Europa.

A Associação de Criadores de Capão foi fundada em 1997 e tem  20 produtores certificados oriundos de Paços de Ferreira, Paredes e Lousada.

O presidente da Junta de Freguesia de Freamunde, José Luís Monteiro, relevou a aposta que os vários actores, autarquia e associações representativas locais do produto têm realizado no sentido de potenciar esta produto endógeno.

Já o presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira, Rui Carneiro,  reconheceu o Capão à Freamunde é uma marca, um valor acrescentado para o território, mostrando-se disponível para colaborar com as demais instituições já existentes na projecção deste produto.

A Semana Gastronómica visa a promoção desta iguaria única no país e continua a surpreender, quer pelo número de restaurante aderentes, quer pelo facto de já ter conquistado nomes maiores da Cozinha Portuguesa, de que são exemplo os nossos embaixadores, Chef´s consagrados a nível nacional e internacional, e outras personalidades de relevo nacional.

A edição deste ano irá consagrar como embaixadores do Capão à Freamunde o Chef Diogo Rocha (Estrela Michelin), Chef Tiago Santos, Chef Madalena Dias, Chef Rui Silvestre, Carlos Ramos (Cegos Por provas) e Arnaldo Lopes.

Ao longo das várias edições, foram consagrados já nomes como Fernando Melo (Embaixador Honorário), que esta segunda-feira presidiu à apresentação da Semana Gastronómica, Hélio Loureiro (Embaixador Honorário ), António da Silva (Chef Honorário), Rosa Patacho (Ministério da Agricultura), António Moura (Jornalista), Rosário Machado ( Diretora da Rota do Românico), Rui Carneiro (Presidente da AEPF), Chef Ricardo Costa (Estrela Michelin), Chef Tiago Bonito (Estrela Michelin), Renato Cunha – (Estrela Michelin)  (bi Gourmand), entre outros.

A certificação do Capão à Freamunde, com a denominação de Indicação Geográfica Protegida (IGP), atribuída pela Comissão Europeia, tem levado a Câmara de Paços de Ferreira a apostar na promoção desta especialidade em diversas capitais europeias, de modo a que o capão à Freamunde ombreie lado a lado com outras especialidades da gastronomia europeia e mundial.

No nosso país, durante a noite de consoada, o capão à moda de Freamunde, assado no forno, acompanhado com batatas assadas e grelos, já substitui, desde há vários anos, o peru, outra ave muito apreciada durante as festas natalícias dos portugueses.