Agostinho Gaspar RibeiroOs números do INE não deixam margem para dúvidas: a taxa de desemprego nos primeiros três meses de 2016 subiu para 12,4%. O desemprego em Portugal está agora maior do que no trimestre anterior. Isso significa 640,2 mil pessoas desempregadas no início deste ano. E há um ano que o desemprego não era tão elevado.

O que no início foi visto como mero pessimismo do PSD tornou-se hoje numa realidade indesmentível: o espírito de facilitismo deste governo dá um terrível resultado! A geringonça está a levar um banho de realidade… e quem perde é Portugal e os portugueses.

Mas tão mau quanto o desemprego é a falta de emprego qualificado. Apesar de termos a geração mais qualificada de sempre, há regiões em Portugal onde faltam quadros com a formação necessária ao preenchimento de vagas de trabalho.

O Vale do Sousa sofre desse grave problema. Sendo uma região altamente industrial, fundamental para o desenvolvimento e da riqueza do Norte, é perturbador que os empregadores não encontrem pessoas que preencham os lugares de emprego qualificado que as suas empresas têm disponíveis. Existem empresas com vontade de contratar mas que não encontram pessoas com a formação técnica adequada.

Isto deve-nos fazer pensar sobre que caminhos trilham o nosso ensino profissional.

Que sentido faz que os diversos agentes com responsabilidades na matéria sejam incapazes de se coordenar no sentido de auscultar as reais necessidades do tecido empresarial e definir uma estratégia de formação nas regiões compatível com essas necessidades?

É necessário repensar a rede de ensino profissional, adequando não só os cursos, mas também os conteúdos às necessidades das empresas. Aliás, alguns dos melhores exemplos de escolas de ensino profissional, e com empregabilidade garantida (sim, existem casos destes em Portugal) são coordenadas precisamente pelos setores produtivos. Vejam, a título de exemplo a ATEC – Academia de Formação, que é um projeto idealizado e promovido pela Volkswagen Autoeuropa, Siemens, Bosch e Câmara de Comércio e Indústria Luso- Alemã, e que desde dezembro de 2003 ganhou vida como uma Associação de Formação para a Indústria. É este o tipo de ensino profissional que o nosso país precisa, e não de centros de formação que apenas servem como aspirador de recursos públicos, e que apenas se preocupam em garantir formações para os formadores que estão contratados. O objetivo de grande parte da formação profissional, em Portugal, tem de deixar de ser garantir emprego aos formadores para ser garantir emprego aos formandos!

Este é um problema identificado por todos. Quem anda de olhos abertos sabe que nos dias de hoje a competitividade e a internacionalização, de que todos falam, estão ligadas à inovação, à criatividade, às novas técnicas de gestão. Por muito empreendedor que seja, o empresário de hoje nada consegue sem o apoio profissional de gente preparada a potenciar os seus negócios.

Sabendo tudo isso – porque é impossível ignorá-lo – não se percebe por que razão a Câmara de Lousada ainda não abriu os olhos! Os empresários e as empresas do nosso concelho precisam de uma autarquia atenta e proactiva, um parceiro de facto, e não apenas de panfleto. A Câmara Municipal pode e deve encontrar formas de gerar no concelho a oferta formativa (pública ou público-privada) que forneça ao tecido empresarial a massa humana ideal para enfrentar os desafios do futuro.

E eu nem sequer estou a pedir aos autarcas socialistas que sejam criativos (seria um milagre!), peço-lhes apenas que se inspirem nos exemplos existentes na região e no país. Um pouco desse trabalho não lhes fará mal!

O que faz mal é continuarmos a ser geridos por pessoas que perderam o sonho, já não têm ideias e viram esgotar o seu projeto de desenvolvimento. O PS/Lousada está falido de ideias e não tem qualquer visão para o nosso território, e quem paga somos nós!