Desde o passado sábado que os Bombeiros Voluntários de Lousada estão a recusar fazer o transporte de doentes não urgentes. Em causa está a falta de equipamentos de protecção individual (EIP), como máscaras, óculos e batas, que os salvaguardem contra possíveis contágios de pessoas com COVID-19.

Segundo o comandante da corporação, José Carlos Aires, os poucos kit’s entregues pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, que já tinha considerado “insignificantes e ridículos” – compostos por seis óculos, quatro batas e 10 pares de luvas descartáveis -, terminaram.

Desde que um foco com vários casos positivos começou em Lousada, obrigando desde logo dois bombeiros a isolamento, o comandante começou a tratar todos os casos como suspeitos.

Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

“Não podemos fazer de conta que estamos numa situação normal. Não posso mandar os bombeiros transportar os doentes não urgentes sem máscara”, defende.

Estão a dar resposta às emergências e é para isso que estão a poupar os equipamentos existentes, cerca de 100 máscaras que conseguiram por estes dias para garantir um mínimo de segurança para os soldados da paz.

“Desde segunda-feira, mais dois bombeiros da corporação, para já sem sintomas, tiveram que ficar em isolamento por terem transportado outro doente depois validado como positivo. Mas estavam devidamente protegidos ainda”, descreve José Carlos Aires.

“Não estamos a negar socorro, mas não vou por os bombeiros em risco. As ocorrências não urgentes têm sido encaminhadas para as corporações vizinhas”, acrescenta. “Não vamos gastar material que pode ser essencial para socorrer uma emergência num doente não urgente”, sustenta, lembrando que esses meios podem ser necessários para acorrer a incêndios, acidentes com feridos ou doenças urgentes, como AVC.

Contactada, a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil ainda não prestou esclarecimentos.