Por diversas vezes, neste espaço e não só, tenho mencionado assuntos que reputo de importância vital para a nossa comunidade, e designadamente do papel pró-ativo que os poderes públicos devem ter para resolver e/ ou minorar problemas reais que afectam o nosso quotidiano enquanto munícipes.

Como é do conhecimento público, a cidade e concelho de Penafiel pela sua história, dimensão e permanente actividade fruto das inúmeras actividades que ocorrem todo o ano, padece de problemas graves ao nível da fluidez de trânsito e, por conseguinte, de mobilidade ou falta dela.

No ano que antecedeu o acto eleitoral autárquico, foram realizadas como vem sendo hábito há alguns mandatos a esta parte, um conjunto avultado de obras, algumas delas de largos milhares de euros, sendo certo que em algumas dessas obras a relação custo benefício não existiu como seria desejável.

Não é por acaso, que o município de Penafiel, figura no leque dos municípios a nível nacional que mais obra lança nos anos em que se realizam eleições autárquicas.

São factos notórios e evidentes, que ninguém de boa-fé ousará questionar.

A via de modos suaves (na conhecida e perigosa Variante do Cavalum), não foi como disse desde o início da empreitada bem concebida, ao nível do planeamento e da capacidade na fluidez de trânsito, acarretando filas intermináveis em hora de ponta e designadamente aos fins-de-semana.

Aleguei oportunamente que isso iria acontecer, conforme se pode ver nas actas das reuniões de câmara – mandato 2013/2017.

Estamos a falar de uma obra que ascendeu a mais um milhão de euros, e que devia ser gerida de outra forma, mormente ao nível do seu planeamento.

Não lembra a ninguém nos dias de hoje, encurtarmos faixas de rodagem sem justificação aparente, outrossim, devemos alargar horizontes e vias para as gerações vindouras. E naquele caso em especifico, era possível, desejável e exequível fazer-se isso, dando igualmente prevalência ao peão, porquanto a via em questão, nomeadamente  junto à Escola – EB Penafiel Sul-, dispunha de condições físicas para esse efeito.

Contudo, as reivindicações feitas no local e hora certa, não foram tidas em conta, e hoje, é o que todos vemos, sendo certo que no decurso do actual mandato, voltei a esse tema, desta vez para apelar ao executivo em funções para remediar um problema grave, que podia e devia ser acautelado antes de se avançar com a obra.

Esta visão redutora do meu ponto de vista não compatível com a dimensão do nosso concelho, é da responsabilidade exclusiva da autarquia e não de terceiros, pelo que, devia assumir enquanto é tempo o erro cometido e agir em conformidade.

Emendar a mão, é um acto de nobreza, ao invés de manter o erro, à espera que o tempo resolva, o que no caso concreto, só aumentará a sua gravidade.

Devia neste tocante a autarquia ser “lesta”, da mesma forma como é a criticar terceiros, a fazer bem o que nem sempre é conseguido com o dinheiro dos nossos contribuintes, e replicar os bons exemplos feitos pelas infra-estruturas de Portugal, nomeadamente no alargamento da EN 15 entre Paredes e Penafiel ou na rotunda da Ribeira na EN 106.

Sim, estas obras foram de facto responsabilidade das infra-estruturas de Portugal, ainda que a autarquia tenha sido igualmente rápida a associar-se às mesmas, passando em alguns casos a ideia para os mais incautos que a obra foi da autoria do município de Penafiel.

Em bom rigor não foi, não obstante ter contribuído para a sua realização com cedências de terrenos e outros, como não poderia deixar de ser!

Porém, “ o seu a seu dono”.

Há ainda determinados assuntos que pela sua importância e dimensão não se coadunam com uma visão paroquial e bairrista de se atirar pedras uns aos outros, tipo “jogo do gato e do rato”, cujos vencedores nunca se sabe quem são, ao contrário dos perdedores, que somos todos nós, ou seja, a população.

Dúvidas não restam, da competência e responsabilidade que o município tem na manutenção da rede viária municipal, assim como do estado central na rede viária nacional, com a ressalva que temos exemplos recentes em Penafiel que, quando convém, a Câmara Municipal substitui-se ao estado e até constrói (e bem), rotundas nas estradas nacionais, mas quando não interessa, aí a culpa já é dos outros.

Do mesmo modo e por uma questão de justiça, não se pode nem deve imputar à autarquia responsabilidades e competências que são do poder central.

Como diziam os latinos, “omne iustum”, ou seja, tudo se quer na medida certa.

Que haja bom senso e acima de tudo sentido de estado, pois receio que alguns temas que podíamos e devíamos geri-los com sentido de estado, conforme já dei nota neste espaço e não só, caso contrário, quem fica a “penar” é Penafiel e os Penafidelenses.

Devemos respeitar a legitimidade política e pessoal de todas as intervenções e até das “manifestações espontâneas”, mas antes de tudo devemos pensar que acima dos partidos há um concelho e uma população para a qual fizemos o juramento de servir com lealdade, seja no poder ou na oposição.

Quem exerce funções politicas ao nível local ou se predispõe a exercê-las, deve dar primazia a duas palavras mágicas, e pelas quais devemos dar e fazer tudo: PENAFIEL e PENAFIDELENSES.

Mais PENAFIEL, mais PENAFIDELENSES e quiçá, menos “partidarite aguda” em alguns casos, talvez seja a fórmula certa para conseguirmos trazer importantes realizações para o nosso concelho.

Penafiel e os penafidelenses com certeza que agradecem!