Pinturas, esculturas e livros de artista, da autoria do artista Agostinho Santos, podem ser percorridos na Casa da Cultura de Paredes, sábado, 21 de Janeiro, a partir das 17h00, altura em que está agendada a inauguração da exposição com o nome “Ao Contrário do Inferno”.

Esta será a maior mostra de sempre do criador, que contabiliza mais de uma centena de exposições, onde Agostinho Santos pretende “denunciar os estragos que o homem causa”.

Sob a curadoria do escritor Valter Hugo Mãe, o artista, que também é escritor e jornalista, destaca o tamanho desta exposição, explicando que “é a que tem mais desenhos, devido aos livros de artista” que são um dos “mundos” que mais aprecia, lê-se numa nota de imprensa da autarquia, citando o autor que é natural de Vila Nova de Gaia.

Para Paredes, Agostinho Santos juntou 128 obras suas e ainda 27 de outros artistas, que contêm milhares de desenhos, com um total de 200 trabalhos, que incluem também esculturas e pinturas. 

Para Valter Hugo Mãe, “Ao Contrário do Inferno” surge como uma forma de “meditar sobre a questão do paraíso, uma vez que as obras de Agostinho Santos surgem a partir de um ponto de vista do acidente, do defeito, do erro, a partir da nossa incapacidade, da nossa incompletude e, por isso, é como se estivesse a discursar sobre o paraíso, mas inevitavelmente, tem um pouco a sensação de que nós estamos com um pé no inferno”.

Tendo sido jornalista durante grande parte da vida, sempre foram as questões sociais que mais inquietaram Agostinho Santos que não esconde que, os últimos anos, o seu trabalho tem nas entrelinhas “chamar a atenção, de denunciar para o lado errado do mundo”.

“Quero agitar as consciências das pessoas e contribuir para uma reflexão sobre o tema da actualidade, as injustiças sociais, as desigualdades, entre outros”, sustenta, na nota da autarquia

Valter Hugo Mãe vai mais longe e revela que os livros de artista “significam algo muito próximo de um diário, portanto, esta exposição tem um pezinho numa certa intimidade, porque são obras de alguma proximidade já que são objectivos que acompanham os artistas no quotidiano”.

O curador da exposição não escondeu a satisfação em trabalhar com Agostinho Santos, porque “quem conhece o trabalho dele, sabe que tem sempre um factor de surpresa muito assinalável e isso é instigador e incrível de se assistir”.

Para a vereadora com o pelouro da Cultura de Paredes, é certo que o município se sente honrado em “abrir as portas” da Casa da Cultura de Paredes a tantos artistas nacionais e internacionais”. Para Beatriz Meireles esta mostra é mais uma prova que estão “no bom caminho”.

Doutorado em Museologia pela Faculdade de Letras e pela FBAUP, Agostinho Santos é mestre em Pintura pela FBAUP e doutorando em Arte Contemporânea no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.

Desempenha funções como diretor da Bienal Internacional de Arte de Gaia, é coordenador do Projeto Onda Bienal, Presidente dos Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural e mentor do projeto Museu de Causas / Coleções Agostinho Santos.

Foi diversas vezes premiado e vê as suas obras editadas, merecendo artigos e ensaios da autoria de figuras como Agustina Bessa-Luís, Fernando Pernes, Eduarda Chiote, José Saramago, Rui Lage, Mário Cláudio, Rosa Alice Branco, entre muitos outros.

Já o curador desta mostra, para além de escritor, é editor, artista plástico e cantor. É licenciado em Direito e pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.

Em 1999, fundou com Jorge Reis-Sá a Quasi edições e, em 2001, co-dirigiu a revista Apeadeiro. Mais tarde fundou a aditora Objecto Cardíaco.

Em 2007, recebeu o Prémio Literário José Saramago, durante a entrega do qual o próprio José Saramago considerou o romance “O Remorso de Baltazar Serapião” um verdadeiro “tsunami literário”. Também foi galardoado com os prémios Camilo Castelo Branco, em 2010, o Portugal Telecom – Melhor Romance do Ano, em 2012, e o Grande Prémio APE, em 2020.