Nelson Oliveira

Desde há umas décadas, a comunicação social passou a ter um imenso poder dentro do sistema democrático – um poder legítimo, válido e extremamente necessário.

Durante o período do Estado Novo, os Portugueses eram entretidos na sua douta ignorância por um regime censor com a informação calculada ao milímetro.

Depois disso, a comunicação social foi-se tornando livre, internacionalizou-se, os jornalistas começaram a ter formação de qualidade e lutavam por uma classe isenta e rigorosa.

O problema é que todos os Governos tentaram intrometer-se no controlo dos media, seja por intermédio de grupos económicos que atualmente são proprietários de vários jornais ou até por influência direta.

Esta tentativa de domínio conheceu novos desenvolvimentos nos últimos governos, por diferentes formas. Quem não se lembra das sucessivas polémicas no Governo de Sócrates (este com o péssimo hábito de ligar pessoalmente aos jornalistas)? Quem não se lembra de Relvas, Bairrão, a inventona de Belém e as encomendas do CM e do Sol.

Acontece que ultimamente este domínio tem sido mais aprimorado.

Nos últimos meses, a Coligação PàF desenvolveu uma genial campanha. Deixou a política, a discussão de ideias e passou a atacar a opinião pública através das redes sociais com milhares de perfis falsos que contaminavam as notícias dos jornais com comentários pré-programados contra a oposição (situação denunciada pela SIC).

Depois das eleições a estratégia é outra. Dada a confusão na formação do governo, as televisões e jornais tem a preocupação de “contratarem” comentadores conotados apenas com um lado.

Na semana passada, no mesmo dia, Poiares Maduro (RTP), Paulo Portas (SIC) e Assunção Cristas (TVI) deram entrevistas. Depois disso, houve um painel liderado por José Rodrigues dos Santos onde os comentadores tinham sido recrutados ao isentíssimo jornal Observador.

Jerónimo de Sousa, entrevistado por Judite de Sousa, queixou-se que sempre que dizia uma coisa, isso era deturpado por comentadores de direita contratados pela TV. Judite negou. Logo de seguida, na TVI24, para analisar a entrevista de Jerónimo, quem estava? João Miguel Tavares, Sofia Vala Rocha e David Dinis!

Seria importante que alguém esclarecesse que ao contrário do que António Barreto afirmou, vários Partidos Comunistas estiveram em Governos Europeus e com bons resultados (Finlândia, França, Áustria, Luxemburgo, Dinamarca).

Seria importante esclarecer que houve Presidentes da Assembleia da República que não saíram do partido mais votado – Oliveira Dias (CDS) e Fernando Amaral (PSD).

Em 1982, na revisão constitucional, foi proposto que o Primeiro-Ministro seria o líder do partido mais votado. Essa norma foi rejeitada também com os votos contra da Direita.

Seria importante noticiar que no dia 27 de setembro, quando questionado por um jornalista da RTP: “Quem deve governar? Quem tem mais votos ou mais deputados no parlamento?”, Passos Coelho responde “A formação do governo depende dos mandatos no parlamento (…) ou seja, dos apoios que as formações políticas tem no Parlamento.”

É urgente a atuação da ERC.

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Membro da Assembleia Municipal de Lousada pelo Partido Socialista