Paulo-Ferreira-featured

Era uma vez um país que, em 2011, por razões exclusivamente partidárias e numa lógica de mera sobrevivência política, se viu a braços com uma coligação de todas as forças de esquerda e direita representadas no Parlamento, juntas no mesmo propósito: derrubar o governo do PS e provocar eleições antecipadas.

As eleições lá vieram e o resultado foi uma vitória do PSD. Arrumados os trapos, nasceu a coligação PSD/CDS que, durante 4 longos anos, conseguiram a proeza de não resolver o problema do défice, ao mesmo tempo que aumentaram, de forma dramática, a dívida pública. Para além disso, centenas de milhares de portugueses foram obrigados a emigrar, os serviços públicos essenciais foram reduzidos, os salários e pensões caíram de forma abrupta, enfim, o país empobreceu.

Para vencerem as eleições de 2011, PSD/CDS prometeram aos portugueses muitas coisas:

“Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português” – Pedro Passos Coelho, Maio 2011.

“Já ouvi o primeiro-ministro (José Sócrates) dizer que o PSD quer acabar com o 13º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate” – Pedro Passos Coelho, Abril 2011.

“O PSD chumbou o PEC4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimentos” – Pedro Passos Coelho, Abril 2011.

“A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento” – Pedro Passos Coelho, Março 2011.

“Em relação ao aumento das receitas fiscais, o esforço será feito sem aumento de impostos, baseando-se na melhoria da eficácia da administração fiscal, do combate à economia informal e à fraude e evasão fiscal, o que permitirá um alargamento da base tributável.” – Programa eleitoral do PSD em 2011.

“A austeridade não deverá afectar o rendimento real disponível dos grupos mais desfavorecidos da nossa sociedade, nomeadamente pensionistas.” – Programa eleitoral do PSD em 2011.

As citações que fiz atrás, mais do que confirmarem uma desavergonhada falta de respeito pelo povo português, demonstram que para esta direita os portugueses não passam de uns fantoches e com uma memória de peixe.

Acredita a direita portuguesa, juntamente com a sua boa imprensa e umas sondagens marteladas à medida, que depois de terem mentido com todos os dentes aos portugueses e estando hoje o país real (não o da folha excel) muito mais pobre, conseguirão receber como prémio uma vitória no próximo domingo. Se tal acontecesse, o que apenas por mera hipótese académica se concebe, os portugueses, dentro de alguns meses, quando a coligação de direita viesse anunciar ao país novos cortes de salários/pensões e o aumento de impostos devido ao buraco do BES e ao incumprimento da meta do défice para 2015, a única coisa que poderiam fazer era colocar uma fita adesiva na boca. É que desta vez só cai quem quiser.