O ser humano vive um dilema contínuo que abarca todas as vertentes da sua sua vida: por um lado, sedimenta hábitos, rotinas, procedimentos, que lhe permitem minimizar os riscos e garantem uma estabilidade confortável; por outro lado, naturalmente curioso, procura a novidade, a mudança geradora de bem-estar e novas ideias que possam responder às suas necessidades.

Em Lousada, a escolha daqueles que gerem dos destinos da autarquia reflete esta tensão, com uma clara tendência, nas últimas décadas, para eleger a continuidade, refletindo uma atitude cautelosa de quem não pretende assumir riscos. E, assim, há quase 30 anos, sucedem-se os mesmos rostos, as mesmas políticas, os mesmos vícios, as mesmas ideias… Quase três décadas em que Lousada, com fundos e fundos europeus que foram chegando, teve de progredir. Muitas coisas foram feitas e algumas bem feitas, é preciso dizê-lo. Mas também não podemos ignorar que o concelho continua a evidenciar fragilidades económicas assinaláveis, que as festas e o fogo de artifício não conseguem esconder! Continuamos sem um tecido empresarial forte, incapaz de gerar emprego e riqueza, que impeça a saída dos nossos jovens. É também preciso dizê-lo.

Todos os manuais de geografia e sociologia apontam como característica de uma sociedade empreendedora a existência de jovens. A estagnação está frequentemente associada a sociedades com pirâmides etárias envelhecidas. Todos aprendemos, aliás, na escola, os perigos de uma sociedade onde falta a força e a ousadia da juventude.  Lousada, o concelho mais jovem do país, não reflete esta ousadia da juventude, esta vontade de inovar, de procura da mudança. Ou será que reflete? A observação atenta dos resultados eleitorais, nos últimos anos, mostra uma tendência de voto na Coligação Lousada Viva por parte dos jovens. Teremos uma juventude ávida de mudança, mas refém do sentimento de segurança que caracterizou a postura dos mais velhos ao longo destes anos?

As eleições estão à porta. De um lado, os do costume, com muitos foguetes e barulho no último ano de gestão para mostrar que estão vivos, depois de três anos em que se repetiram  receitas  até à exaustão, com poucas ideias novas e, sobretudo, uma estratégia pouco ousada (ou a falta dela). Do outro lado, um projeto mais ousado, a procura da mudança e a aposta num futuro diferente para Lousada.

Será desta que os lousadenses vão ceder ao impulso de mudança? Teremos a oportunidade de poder ver implementado um projeto diferente em Lousada? Julgo que os lousadenses merecem correr o risco de inverter a trajetória saturada de quase trinta anos.