O Partido Socialista de Paredes realizou, esta segunda-feira, uma conferência de imprensa para “deixar tudo em pratos limpos” e explicar o que levou os elementos da sua bancada a abandonar a última Assembleia Municipal.

Em causa, estão as acusações feitas a Alexandre Almeida sobre a polémica auditoria a realizar às contas da Junta de Freguesia de Cete. Recorde-se que em conferência de imprensa realizada pelo PSD Paredes, foi exigida a demissão do vereador socialista porque a técnica escolhida para realizar a auditoria pedida pelos elementos do PS na Assembleia de Freguesia de Cete era funcionária da empresa do Alexandre Almeida.

“Desde a primeira intervenção [na Assembleia Municipal], quando acusaram o Alexandre Almeida de irregularidades que ele pediu a defesa da honra. O presidente da Câmara impediu-o. Mas ele tinha o direito de usar a palavra”, defende José Baptista Pereira, presidente da Comissão Política do PS Paredes. Já Alexandre Almeida acredita que todo o “alarido incompreensível e inaceitável” criado teve três objectivos: “impedir a realização da auditoria às contas da Junta de Cete; desviar a atenção do Orçamento da Câmara Municipal de Paredes; e desviar a atenção das pessoas do fracasso que foram os 10 anos de mandato de Celso Ferreira à frente da Câmara Municipal de Paredes”.

 

“Isto é um ataque ao Alexandre Almeida, não ao PS. A estratégia tem sido humilhar-nos”

Rodeado dos quatro presidentes de junta eleitos pelo PS no concelho e pelo presidente da Juventude Socialista de Paredes, Baptista Pereira e Alexandre Almeida falaram de um partido unido. O mesmo que, em solidariedade com os ataques realizados contra o vereador Alexandre Almeida decidiu, no sábado, abandonar a sessão da Assembleia Municipal em que ia ser debatido o orçamento camarário para o próximo ano, em solidariedade.

“Isto é um ataque ao Alexandre Almeida, não ao PS. A estratégia tem sido humilhar-nos, mas estamos cada vez mais unidos. E face ao que aconteceu o melhor que tínhamos a fazer era sair”, defende o líder do PS Paredes.

PS Paredes

Veiculando a posição do partido, Alexandre Almeida foi mais longe e disse acreditar que o levantar deste caso pretendeu desviar a atenção das pessoas do orçamento e dos fracassos de Celso Ferreira ao longo de 10 anos de mandato. Recordando o processo, o vereador do PS afirmou que esta auditoria foi pedida pelos elementos do PS da Assembleia de Freguesia de Cete em Dezembro de 2014 no seguimento de irregularidades tornadas públicas “tais como, passagem de cheques sem cobertura e a existência de salários em atraso”. A moção foi aprovada e os elementos do PS deviam apresentar um técnico sem custos para a Junta. “Foi isso que o PS fez com toda a transparência”, salienta. Foi enviado ao presidente da Junta o currículo do auditor e Tomás Correia autorizou a escolha, impondo apenas como condição estar presente durante a realização da análise dos documentos. “Só depois do início da auditoria é que veio dizer que falou com a Câmara e que não permitia que a auditoria prosseguisse”, sustenta o Partido Socialista.

“Quiseram fazer disto um caso, quando não existe caso nenhum. Se não queriam aquela técnica bastava ter dito”, critica Alexandre Almeida. O vereador continua a achar que não cometeu nenhuma imprudência em ser a sua empresa a realizar a auditoria. “Não era eu que a ia realizar e uma auditoria obedece a questões objectivas e técnicas. Não havia a opção de ser desvirtuada”, garante.

 

PS acusa Tomás Correia de má gestão e pede demissão do presidente de junta

“De que é que a Câmara e o Presidente da Junta têm medo? O que não querem eles que se saiba?”, questionam. Mas para o PS a resposta é clara, até porque os seus elementos do PS Cete têm passado as últimas semanas a analisar documentos da Junta de Freguesia e vão falar de todas as irregularidades na próxima Assembleia de Freguesia. Dão exemplo de algumas: “passagem de inúmeros de cheques sem cobertura, cujas devoluções custou centenas de euros em custos bancários com a sua devolução; levantamento de cheques e de dinheiro em multibanco da Junta de Freguesia sem justificação”.

Alexandre Almeida lança o repto a Tomás Correia, presidente da Junta de Cete, para que peça desculpa aos colegas presidentes de junta, aos órgãos do partido, ao PS Paredes e à população de Cete. Falando da “má gestão” do autarca o vereador apelou ainda a que “tenha a dignidade de admitir os seus erros e se demita”.

Por outro lado, o socialista deixa o apelo para que se peça uma auditoria à Inspecção-Geral de Finanças, para clarificar, de vez, a situação.

Alexandre Almeida

Alexandre Almeida acusa PSD de “fuga para a frente”

Para o PS Paredes não há dúvidas, esta história só veio a público nesta altura para desviar as atenções do orçamento da câmara de Paredes para 2016, que foi, este sábado, aprovado em Assembleia Municipal, já depois dos socialistas terem abandonado a sessão.

Esta polémica impediu que se falasse da manutenção do IMI no patamar máximo de 0,5% em Paredes, quando Celso Ferreira havia prometido na Assembleia Municipal do dia 25 de Abril que iria reduzir o IMI, critica o PS. Serviu também para impedir falar no “desenvolvimento desigual das freguesias” do concelho; na falta de transferência de verbas para as freguesias; e na inclusão de receitas fictícias no Orçamento de 2016, que este ano ultrapassam os oito milhões de euros.

Por outro lado, o PSD quis, com esta “fuga para a frente”, evitar falar de projectos falhados como a Cidade Inteligente e os 150 mil postos de trabalhos que prometia criar e a cidade desportiva de Paredes. Celso Ferreira “não quis que se falasse do saneamento básico e da água que ainda não chega a mais de 40% do território de Paredes; da rede de estradas em muito mau estado de conservação; e do retirar do apoio no transporte para os Centros Escolares”, sustenta o PS.

Segundo os socialistas, a sua pretensão era votar contra o orçamento para o próximo ano. Os quatro presidentes de junta eleitos pelo Partido Socialista iriam abster-se.

 

 

Elias Barros critica Joaquim Neves

Elias BarrosDurante a conferência de imprensa, o presidente da Junta de Rebordosa pediu a palavra e, lembrando que já foi proprietário do jornal Progresso de Paredes, criticou a atitude do actual proprietário, Joaquim Neves.

“Joaquim Neves tem usado o jornal para atacar-me a mim e ao Alexandre Almeida. Sinto-me perseguido. É vergonhoso apoderar-se de um jornal para se promover”, sustentou Elias Barros.

Afirmando que “há pessoas que querem o poder à força”, o autarca de Rebordosa disse que Joaquim Neves está a usar o jornal apenas para se promover como candidato à câmara. “Quem tem estas atitudes não pode nem vai ser bom presidente de câmara”, sentenciou.