Verdadeiro Olhar

Valongo: Patrão da W52-FC Porto diz desconhecer doping na equipa e acusa Nuno Ribeiro de “não dizer uma verdade”

Adriano Teixeira de Sousa, conhecido como Adriano Quintanilha, falou pela primeira vez no julgamento da operação ‘Prova Limpa’, com 26 arguidos, incluindo ex-ciclistas, e que decorre num pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, para dizer que “não sabia de nada” sobre doping no seio da equipa, negando ser o financiador das substâncias dopantes, avança a Lusa.

recorde-se que, em novembro de 2024, tal como o VERDADEIRO OLHAR noticiou, o também arguido Nuno Ribeiro, ex-diretor desportivo da W52-FC Porto e antigo ciclista de Valongo, disse, em tribunal que “todos” os ciclistas da equipa “se dopavam”.

Nuno Ribeiro contou agora que a toma de substâncias dopantes pelos ciclistas “era regular durante toda a época desportiva”, denunciando que o financiamento para esse fim advinha do então dono da equipa e que ocorria “durante o ano civil todo”.

Adriano Quintanilha disse hoje perante o coletivo de juizes e procurador do Ministério Público, que se queria defender destas acusações: “Fui acusado pelo senhor Nuno Ribeiro e ainda não sei porquê”.

Segundo a Lusa, o advogado do ex-diretor desportivo da equipa requereu ao tribunal uma acareação (confronto de versões) entre o seu constituinte e Adriano Quintanilha, o que foi rejeitado pela defesa de Quintanilha.

O antigo patrão da W52-FC Porto disse também nunca ter visto “uma agulha” ou “sacos de sangue” no autocarro da equipa, acrescentando que apenas lá ia para cumprimentar os ciclistas e tomar café, e que também não ficava no mesmo hotel dos atletas.

“Desconheço qualquer substância ilícita no ciclismo, nunca vi um comprimido”, sendo que a única coisa que ouvia pedirem era água, soro e gel”, disse ainda, citado pela Lusa.

Adriano Quintanilha reclamou inocência e disse desconhecer quem pagava o doping.

Após as buscas da Polícia Judiciária (PJ) ao hotel em Trancoso onde se encontrava a equipa, realizadas em abril de 2022, e onde foram apreendidas várias substâncias ilícitas e instrumentos usados no doping, Adriano Quintanilha contou que vários ciclistas foram posteriormente à sua casa pedir-lhe para que não os abandonasse.

Ainda segundo a Lusa, Quintanilha explicou ainda que desconhece o que foi apreendido no hotel. “Os ciclistas vieram à minha casa e disseram: estamos limpinhos, isto é uma perseguição, vamos provar a nossa inocência. Não nos abandone. Os testes deram negativo, os passaportes biológicos estavam limpos. Acreditei neles. Só mais tarde, quando foram à ADoP [Autoridade Antidopagem de Portugal] e confessaram é que me convenci. Senti-me enganado por eles”.

O ex-patrão da W52-FC Porto revelou também ao tribunal que dava um patrocínio à equipa de 120 mil euros e o FC do Porto 700 mil euros anuais, sublinhando que “o FC do Porto pagava bem”.

Os 26 arguidos respondem por tráfico de substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 por administração de substância e métodos proibidos.