Falta de identificação dos autocarros, supressão de linhas e ausência de informação são algumas das queixas dos utilizadores da rede de transportes UNIR, que começou a operar no dia 1 de dezembro, em 17 municípios da Área Metropolitana do Porto (AMP), nomeadamente em Paredes e Valongo.

Nas redes sociais multiplicam-se os comentários dos utlizadores que relatam várias situações onde estiveram mais do que uma hora à espera do autocarro e que não veio, da falta de informação das linhas e de autocarros que estão identificados com um papel colado no vidro.

Para além disso, diz uma utente de Valongo, por exemplo, a nova linha 7011 não é para quem trabalha, porque “começa a circular às 8h00 e só chega à Quinta da Lousa às 8h32”. “Hoje tive que ir a pé para o trabalho”, lamentou outra utilizadora da rede.

Alias, os municípios de Gondomar, Valongo, Paredes e Santo Tirso estiveram sem horários até sexta-feira, ao final da manhã, precisamente no dia em que a nova rede de transportes começou a operar.

Recorde-se que, A AMP tinha já alertado para uma “fase transitória”, para a qual pediu “a compreensão de todos” os utentes, mas, para quem depende, diariamente, do transporte público, a situação é incompreensível, porque ou faltam ao trabalho, às aulas ou a outros compromissos. “Mais uma iniciativa de doutores e engenheiros que não utilizam transporte públicos, eu demorava 20 minutos a chegar ao meu destino. Agora demoro o dobro”, lamenta outro munícipe de Valongo.

O Verdadeiro Olhar contactou a Câmara Municipal de Valongo que disse estar a acompanhar a situação. O município está em contacto, não só com a AMP, mas também com a operadora Nex Continental, pertencente ao grupo Alsa.

“Estamos a receber as reclamações que depois vamos encaminhando” para as duas estruturas responsáveis, sendo o município de Valongo só vai descansar quando “tiver a certeza que todos os problemas ficam resolvidos”, assumiu o vereador Paulo Esteves que, desde o primeiro minuto, está a acompanhar o processo.

Certo é que, a Câmara Municipal de Valongo “defeniu as suas necessidades”, junto da nova rede de transportes e os anseios do município foram acolhidos, mas a edilidade não esperava toda esta confusão. Mas, o que foi comunicado por parte da AMP e da própria empresa é que tem havido “problemas com os motoristas que alegam muito trabalho” com os novos percursos e também algum desconhecimento das novas rotas.

Recorde-se que, o presidente do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, explicou, há dias, que, e pela necessidade em lançar o serviço se geraram atrasos também na “contratação de motoristas”, uma vez que os que existiam não eram suficientes para esta operação, sendo que uma grande percentagem deles ficaram nas empresas de origem e cerca de 160 motoristas foram contratados em países como Cabo Verde e Brasil.

A Câmara Municipal de Valongo Valongo está a acompanhar toda esta situação e, nesta fase, o que pode fazer é “receber as queixas e reportá-las”, explicou ainda Paulo Esteves que não deixa de sublinhar que compreende a revolta dos utentes. “É um drama, porque as pessoas dependem dos transportes para irem para o trabalho, para a escola, para consultas ou para outros compromissos”.

De qualquer forma, Valongo espera que, ainda hoje, os problemas fiquem, maioritariamente resolvidos.

Certo é que, e quando começou todo este processo da nova rede de transportes, Valongo assegurou que no esquema gizado iriam manter-se os percursos existentes, com reforço de horários.

O Verdadeiro Olhar tentou obter também uma reação sobre este assunto junto da autarquia de Paredes que confirmou que, por exemplo, “as linhas da UNIR, que faziam as principais ligações do concelho de Paredes com as escolas, não foram realizadas”.

A autarquia contactou a AMP e a operadora que reportou ao município que “os motoristas não fizeram esses transportes” porque esperavam ver esclarecidas algumas questões “relacionadas com o horário de trabalho”, sendo que, neste momento, decorre uma “reunião com os funcionários”, tendo havido a garantia que os problemas ficariam sanados ainda hoje.

Em comunicado enviado ao nosso jornal, a autarquia nõa deixa de lamentar “esta situação inadmissível. Uma coisa era exsitirem alguns transtornos, típicos do início de uma nova operação, outra coisa é uma falta generalizada de transportes”.

Recorde-se que, no concurso internacional para a aquisição do serviço de transportes rodoviários metropolitanos do Porto, o grupo Alsa, de que faz parte a Nex Continental, ficou com o lote 2, que abrange os municípios de Gondomar, Valongo, Santo Tirso e Paredes, num total de 102 linhas.

Ao todo, estão a operar cerca de 350 motoristas”, sendo que 230 “vêm de empresas que operam na zona”, como por exemplo a Gondomarense, Valpi, Resende, entre outras. Os restantes 120, foram contratados pelo grupo espanhol. E é justamente neste conjunto que ficarão a operar os antigos autocarros da Carris Metropolitana.

Os problemas com a UNIR em Valongo e Paredes replicam-se no Porto e em Gaia, por exemplo, onde também muitos utentes se confrontaram com a falta de identificação nos veículos, o suprimento de trajetos e a falta de informação.