Muitos leitores têm-me questionado sobre os costumados artigos de opinião aqui publicados. A ausência não se deve à falta de matéria, mas sobretudo ao receio de não conter o ímpeto de mandar para um sítio que todos sabemos algumas das figuras que elegemos para comandar os destinos do nosso país. Mas chegou a hora de pôr um dique definitivo à torpe maré, que irrompe por todos os lados, na presunção de que os portugueses são ignorantes, fáceis de enganar e permeáveis às ideias peregrinas da elite pensante.

Se alguém tinha dúvidas sobre o porquê da falta de investimento na escola pública, estas foram definitivamente dissipadas pelos deputados socialistas, que, deliberadamente, tentaram enganar os portugueses com um gráfico vergonhoso, que tentava ampliar a diferença entre Portugal e os países da União no que diz respeito à vacinação. Dava muito jeito aos deputados socialistas que os portugueses engolissem esta manobra de propaganda. Mas, para isso, o seu desempenho a matemática teria de ser ainda pior, pelo que devem estar já a pensar no que terá corrido mal no ensino em Portugal. Se o Referencial de Educação para os Media permanecia na penumbra desde 2014, altura em que foi aprovado, temo agora que receba sepultura definitiva, pelo receio de se poder revelar eficaz na adoção de comportamentos e atitudes adequados a uma utilização crítica e segura dos meios de comunicação social. Já não basta controlar os meios de comunicação social. As redes sociais abriram uma torneira de onde jorra tudo e quanto menos capazes forem os cidadãos de analisar em profundidade as mensagens, mais fáceis são de enganar.

Eenquanto uns estudam as melhores estratégias de propaganda política, outros apostam em desviar a atenção daquilo que realmente interessa aos portugueses. Sem terem o que fazer na Assembleia da República, usam a imaginação para vencer o concurso da ideia mais bizarra. No topo, temos para já a proposta de destruição do Padrão dos Descobrimentos. Por este andar, a mesma cabeça de onde saiu esta ideia é mesmo capaz de pedir o fim da disciplina de História do currículo oficial. De facto, para muitos, não dá muito jeito que as pessoas conheçam o passado, para melhor pensar no presente e delinear o futuro. Para isso, estão os eleitos no Olimpo da RepúblicaA seguir à destruição do Padrão dos Descobrimentos, queimarão os livros de História e estabelecerão a censura. Só assim atingirão o grau zero, que lhes permita agir a seu bel-prazer, sem a chatice das críticas, sempre tão incómodas, qual carrapatos.

Enquanto mais não podem fazer para controlar a opinião pública, porque na memória (ou nos livros) as pessoas ainda têm vivas as feridas da ditaduraalgumas vozes vão apelidando de antipatrióticas as críticas ao governo, uma forma polida de mandar calar os portugueses. E, assim, enquanto uma parte da opinião pública está empenhada em combater os extremismos da direita (e bem), vai deixando espaço livre mais à esquerda, onde pululam igualmente desvarios extremistas, igualmente perigosos.

A falta de humildade e a prepotência que caracterizam alguns políticos são um sinal do caminho que percorremos e que nos pode levar onde não queremos. Por isso, é essencial que usemos o direito à indignação para pôr um dique na corrente que se pode tornar realmente destrutiva. Sem medo!