As discussões no espaço público são hoje marcadas por grandes clivagens, que frequentemente se extremam. Ao mesmo tempo, as mensagens políticas surgem, muitas vezes, altamente simplificadas. Perante isto, é importante defender os direitos, em particular o respeito pela dignidade da pessoa humana. O Presidente da República ofereceu um grande contributo para esta discussão.

 

As discussões no espaço público – seja no discurso e debate políticos, seja nos meios de comunicação social, seja nas redes sociais – são hoje marcadas por grandes clivagens, que frequentemente se extremam. Não é saudável um ambiente em que parecem só subsistir grandes certezas, e em que as dúvidas são olhadas com suspeita. As democracias liberais devem ser marcadas não só pelo pluralismo de opiniões, mas também pela capacidade de fazermos perguntas sem sermos forçados a escolher um lado da barricada em cada discussão.

Um fenómeno relacionado prende-se com as mensagens políticas surgirem, muitas vezes, altamente simplificadas, suscetíveis de fácil apreensão e repetição. A formulação de respostas diretas para questões altamente complexas é o meio que muitos políticos encontram para promover a adesão ao seu discurso.

Quer nas discussões extremadas, quer perante mensagens políticas simplistas, reputa-se da maior importância a afirmação dos direitos mais básicos dos cidadãos, cujo pilar fundamental é o respeito pela dignidade da pessoa humana. É fundamental nunca considerarmos como adquirida a conquista de tantas décadas, assumindo como desafio imposto a cada geração a luta pela liberdade e igualdade de todas e todos!

O Presidente da República deu um grande contributo para o combate aos dois fenómenos referidos acima – o entrincheiramento da discussão pública e a hipersimplificação das propostas políticas formuladas por populistas -, ao mesmo tempo que defendeu o respeito pela dignidade da pessoa humana. Este contributo surgiu no discurso da cerimónia do 25 de abril, a propósito do passado colonial do país, que convido todos, todos, a ler.[1] Limito-me a transcrever um parágrafo:

Que os anos que faltam até ao meio século do 25 de Abril sirvam a todos nós para trilharmos um tal caminho como a maioria dos portugueses o tem feito nas décadas volvidas fazendo de cada dia um passo mais no assumir as glórias que nos honram e os fracassos pelos quais nos responsabilizamos, e bem assim no construir hoje coesões e inclusões e no combater hoje intolerâncias pessoais ou sociais.

[1] https://www.presidencia.pt/atualidade/toda-a-atualidade/2021/04/discurso-do-presidente-da-republica-na-sessao-solene-comemorativa-do-47-o-aniversario-do-25-de-abril/