Depois de terem visitado a aldeia de Kuartango, no país Basco, em Espanha), os parceiros do projeto europeu PAISACTIVO, paisagens corta-fogos: ativação do espaço rural para um território resiliente, realizaram a sua segunda visita de estudo, desta feita à aldeia de Ostana (Piemonte), situada nos alpes italianos.

Este é um projeto europeu na área da gestão ativa e sustentável do espaço rural e redução do risco de incêndios e esta visita foi organizada pela Universidade de Santiago de Compostela, um dos oito parceiros do projeto. A representar a CIM do Tâmega e Sousa estiveram Telmo Pinto, do secretariado executivo intermunicipal, e Ester Moreira da Silva, chefe da Equipa Multidisciplinar de Políticas Públicas Intermunicipais.

Esta incursão foi uma oportunidade para conhecer, in loco, o processo de regeneração e revitalização desta aldeia alpina, que tem vindo a ser implementado ao longo das últimas quatro décadas, e que é considerada uma boa prática italiana ao nível de gestão ativa do espaço rural, com evidente potencial de replicabilidade nas duas aldeias-piloto do projeto PAISACTIVO – Infesta (Monterrei, Galiza, Espanha) e Almofrela (Baião, Portugal).

Ostana é uma pequena aldeia dos Alpes italianos, na região do Piemonte, situada a 1300 metros acima do nível do mar. No século passado, sofreu um forte processo de despovoamento, passando de 1200 habitantes, em 1921, para cinco, em 1985.

Face a esta realidade, foi ativado um plano inovador de repovoamento, assente no trabalho da administração local e na cooperação público-privada, registando Ostana, atualmente, 80 habitantes e cerca de 500 turistas durante a época estival.

A premissa deste plano de repovoamento passou por “considerar a montanha, não apenas como um local destinado ao lazer, mas também para viver”, explica a CIM, em comunicado. Numa fase inicial, esta visão baseava-se em três fatores principais: a natureza, a arquitetura alpina e o património cultural. Mais tarde, na década de 2000, a iniciativa tornou-se mais complexa e holística, abrindo-se à criação de novas redes e atraindo mais pessoas e atividades económicas, culturais e educativas.

Ao longo deste processo, somaram-se também vários movimentos que deram visibilidade Ostana, que é considerada uma das aldeias mais bonitas de Itália, e que integra a rede Smart Rural Areas 21.

O projeto PAISACTIVO envolve um investimento superior a 1,5 milhões de euros, cofinanciado pelo POCTEC, o Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça entre Espanha e Portugal e visa “aumentar a resiliência do território face ao risco de incêndio, valorizando e melhorando a gestão sustentável das terras agroflorestais, bem como proteger e dinamizar os aglomerados rurais e promover a sua sustentabilidade”, refere ainda a CIM.

De referir que a zona de intervenção do projeto, que inclui a Galiza e o Norte de Portugal, “enfrenta um abandono progressivo do espaço rural, que aumenta a sua vulnerabilidade aos grandes incêndios florestais e cria um risco crescente para as aglomerações humanas, nomeadamente as aldeias”.  

Para a concretização dos seus objetivos o projeto incluirá um diagnóstico das boas práticas de gestão ativa das zonas rurais e ações de capacitação para a dinamização e gestão resiliente das zonas rurais. Será ainda definido um novo modelo de intervenção nas zonas rurais que inclua a governação multinível, necessária para envolver todos os intervenientes-chave no processo de recuperação e gestão ativa do território, maximizando as sinergias sociais, produtivas e ambientais entre as aldeias e a sua envolvente.

Entre outras ações, serão implementados dois projeto-piloto em aldeias. Do lado português, Almofrela, no concelho de Baião, será a aldeia-piloto, enquanto a aldeia galega de Infesta, no concelho de Monterrei, será a representante do lado espanhol.

Após o lançamento seguiu-se uma reunião de parceiros, na qual foi apresentado o plano de trabalhos a implementar durante os próximos três anos – até outubro de 2026 –, com o objetivo de promover a gestão sustentável do território e redução dos riscos de incêndios, uma das áreas de intervenção da CIM do Tâmega e Sousa.

O projeto PAISACTIVO é coordenado pela Agência Galega de Desenvolvimento Rural e os parceiros galegos são a Universidade de Santiago de Compostela, a Fundação Juana de Vega e o Município de Monterrei. Da parte de Portugal participam a CIM do Tâmega e Sousa, o Município de Baião, o Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT) da Universidade de Porto e a Direção-Geral do Território.