Caro leitor,

A última vez que falei sobre o PSD Paredes foi para anunciar a minha candidatura a Presidente do PSD em Paredes após as eleições autárquicas de 2017. Foram 4 anos em que mesmo sendo desconsiderado pela atual comissão política, mantive-me sereno e fiz o que me competia: usar os meus meios para fazer a fiscalização e a oposição necessária ao executivo municipal.

Mas, adiante.

É tempo de usar da palavra e fazermos, juntos, uma retrospetiva dos últimos tempos no PSD em Paredes.

Foram tempos difíceis, de (re)organização de uma equipa, de elaboração do programa eleitoral e, numa tentativa de estimular um novo ciclo para o Partido, decidi, com os de sempre, avançar para a liderança do PSD. E com os de sempre refiro-me, claro está, aqueles que nos últimos anos, talvez 15 a 20 anos, independentemente de serem os vencedores ou os vencidos, lutaram pelo PSD em Paredes. Sobre um lema que apenas defendia a aliança de um PSD para futuro, recebemos os mais diversos apoios desde os históricos militantes, passando pelos Presidentes de Junta do PSD de então, até aqueles que nos últimos anos tudo deram pelo PSD, vencedores ou vencidos nas lutas internas.

Todavia, perdemos.

Foram 9 votos de diferença em quase 400 eleitores e foram 9 votos que deixaram um partido divido.

Desta comissão política apenas se exigia uma única coisa: unir os militantes. Não era ganhar ou muito menos criar um projeto para quatro anos. Era unir e não afastar os que cá ficaram.

Mas, o caminho não foi esse. E nunca foi pretendido.

Duas semanas após uma disputa que deixou o PSD dividido por 9 votos, o Presidente do Partido ligou-me. Curiosidade das curiosidades, estava em Berlim no centro da democracia da Federação Alemã.

Questionou-me se existia abertura para uma lista única de delegados ao conselho distrital do PSD. Nem pestanejei. Disse imediatamente que sim com uma única condição: que ficasse em último lugar na lista respetiva. Porquê, pergunta o leitor? Em política, como no casamento, precisamos de sinais de lealdade, confiança e transparência. Desconfiando já da situação, transcrevi a conversa para o e-mail do partido. Surpresa ou não, o compromisso não foi cumprido.

Semanas depois, recebi a notícia que não seria mais vice-líder da bancada do PSD na assembleia municipal por decisão da comissão política concelhia (CPC), e particularmente do seu presidente. Acompanhado pelo Dr. Soares Carneiro, liderei a bancada nos meses mais difíceis do PSD Paredes até então: em oposição pela primeira vez em 24 anos, com um partido a reconstruir-se depois de uma derrota dura e um executivo municipal totalmente hostil à crítica e à oposição. Posto isto, e depois da divisão do Partido nas eleições internas, o esperado, novamente, era de uma tentativa de união por parte da Comissão Política.

Mas, o caminho não foi esse. E nunca foi pretendido.

Chegados às eleições legislativas, o partido tinha novamente uma oportunidade de promover a união. Já se sentia algum mal-estar entre alguns militantes, quer pela marginalização por terem feito parte da lista opositora, quer pelo boicote às iniciativas que não fossem alinhadas com a CPC. Mas, para caminharmos em direção à união requerida, bastava que a Comissão Política Concelhia fizesse o que lhe era exigido. Procurar um candidato a deputado com um bom curriculum académico, profissionalmente legitimado na sua área, reconhecido na sociedade e capaz de unir os militantes em torno da sua candidatura.

A Comissão Política decide, mais uma vez, pelos 50% do partido e indica o seu Presidente e um outro membro da Comissão Política, deixando de fora o membro da CPC com o melhor CV e perfil para o lugar de deputado: o David Ferreira.

O nome da Mariana, outro nome forte no PSD e hoje a única presidente de junta com maioria absoluta por parte do PSD, foi marginalizado e esquecido. Apenas a JSD e o seu presidente, e bem, propuseram o seu nome, procurando eleger não só o resto dos 50% do PSD, como também, procurar unir as diferentes linhas do PSD.

Os cartazes e os boletins começaram a circular pelo concelho. Chegados aqui, a viagem era óbvia para todos: não existia um PSD ou uma Comissão Política a tentar construir um PSD e um projeto alternativo para o concelho de Paredes. Existia sim, um presidente do PSD em Paredes com uma única ambição pessoal e particular: ser candidato à Camara Municipal de Paredes pelo PSD.

Quanto à aposição, esta era feita ad-hoc, olhando para o momento e sem uma estratégia para futuro e muito menos alinhada com algum projeto político alternativo para o concelho de Paredes. E algumas das boas ideias que surgiam eram garantidas pelos vereadores em exercício e pela liderança da bancada na Assembleia Municipal. 

Era isto o PSD em Paredes.

Para trás, ficaram as promessas da formação de núcleos em todas as freguesias, da união do partido e do projeto alternativo ao executivo municipal.

Como já o mencionei em crónicas anteriores falarei sempre sem amarras ou dogmatismos ideológicos. Na política, ou assumimos uma postura de combate e alternativa, ou o poder instalado, confortavelmente, assume que é a única razão de o partido existir. Quando é exatamente o contrário: só existem, porque o partido existe!

Hoje termino por aqui.

Continuamos para a próxima!

Boas leituras!