Os grupos municipais do PS e do PSD na Assembleia Municipal de Lousada apresentaram, na última sexta-feira, duas moções, aprovadas por unanimidade, a exigir que a A41 e A42 beneficiem dos mesmos descontos que o Governo concedeu recentemente a várias auto-estradas, num plano que se prevê possa entrar um vigor no mês de Julho.

A moção social-democrata, a que o Verdadeiro Olhar teve acesso, exige uma discriminação positiva para a região, nomeadamente para Lousada e Paços de Ferreira e Felgueiras, municípios servidos por estas duas auto-estradas, realçando que os três territórios contribuem de forma significativa para o crescimento da economia nacional.

“Os municípios do Vale do Sousa, e em particular o município de Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira, com um tecido empresarial que muito contribui para o crescimento do PIB e o desenvolvimento económico do país sentem-se desfraldados com a recente decisão discriminatória do Governo, ao não considerar as auto-estrada A41 e A42 no conjunto de vias que serão objecto de desconto nas portagens”, lê-se na moção.

José Gonçalves, do grupo municipal do PSD Lousada, manifestou o seu desagrado com a aplicação de portagens nestas duas auto-estradas, recordando que os “governos teimam em esquecer esta região e desconsiderar os seus habitantes”.

“Os governos teimam em esquecer esta região e desconsiderar os seus habitantes”

Aludindo à moção social-democrata, José Gonçalves referiu que desde a primeira hora, o PSD de Lousada manifestou o desagrado com a aplicação de portagens nestas duas auto-estradas, pela importância que esta ligação tem na ajuda ao desenvolvimento desta região.

“Infelizmente, os governos teimam em esquecer esta região e desconsiderar os seus habitantes, pelo que o grupo parlamentar do PSD apresenta aqui, mais uma vez uma moção que pretende reforçar a defesa de Lousada e desta Região do Vale do Sousa, mais uma vez esquecida por este Governo, exigindo ao Governo a inclusão da A42 e da A41 no mapa das auto-estradas onde deverão ser aplicados os o mesmo tipo de descontos”, referiu.

“Essa medida será da maior justiça, tendo em conta não só os argumentos atrás apresentados, mas também, porque infelizmente esta região é uma das mais pobres do país, independentemente da sua maior ou menor interioridade. Pelo que, propomos também que o mais breve possível estas duas venham a ser isentadas de portagens, como forma de promoção de um maior desenvolvimento desta região”, expressou, solicitando ao executivo municipal que implementa as medidas necessárias e use os canais próprios e a pressão indispensável à aplicação imediata dos mesmos descontos as estas vias”, retorquiu.

Também o grupo municipal do PS defendeu uma discriminação positiva e redução de portagens nas auto-estradas A41 e A42.

Maria do Céu Rocha, do PS, reconheceu que o Partido Socialista de Lousada tem vindo a mostrar-se preocupado, atento e reivindicativo perante a necessidade da região do Tâmega e Sousa e do concelho de Lousada sofrer uma discriminação positiva no que concerne à redução do preço das portagens na A41/A42 ou até mesmo à sua inexistência.

“Foi assim em 2010 aquando da entrada em vigor desta cobrança num trajecto sem alternativas viáveis no nosso concelho, onde o presidente de Câmara Jorge Magalhães, em declarações ao Jornal de Notícias afirmou-se contrário ao Governo Socialista de então, uma vez que existia “uma dupla discriminação para com a nossa região” sendo que “mais uma vez o Governo demonstrou ter uma atitude negativa. Além da circunstância de portajar esta auto-estrada, decidiu fazê-lo agora com estes valores elevados”, disse, salientando que o grupo municipal do PS apresentou várias moções acerca deste tema, quer na Assembleia Municipal, mas também na Assembleia Intermunicipal, com vista à redução do preço das portagens naquilo que considerou ser um trajecto fundamental para região e para o tecido empresarial local.

“A região apresenta um elevado dinamismo económico, mas muito dependente das vias rodoviárias existentes, aliado ao facto da região ter um índice de poder de compra inferior à média nacional, mas contribuir decisivamente para o saldo positivo da balança comercial e, por último, para a mobilidade dos nossos cidadãos”, expressou.

Maria do Céu Rocha referiu que em 2016, o actual presidente da Câmara Municipal de Lousada, Pedro Machado, a propósito de uma “eventual redução das portagens nas ex-Scut, anunciada pelo primeiro-ministro” afirmou a um órgão de informação que “a existir esta redução, fazia sentido que se verificasse também com a A42”.

A deputada esclareceu, também, que o grupo municipal do PS declara o seu apoio ao recente anúncio para a redução de portagens anunciadas pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, defendendo, em nome do grupo, que esta medida seja alargada à A41/A42 e aos concelhos que abrangem a área territorial do Tâmega e Sousa.

A deputada municipal concordou, ainda, que a A4, auto-estrada abrangida em parte da sua extensão por esta medida, possa ser incluída na totalidade do seu trajecto e que todos os grupos municipais da Assembleia Municipal de Lousada votem favoravelmente esta proposta e que a mesma seja enviada para os Gabinetes do primeiro-ministro, António Costa, da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, dos grupos parlamentares com assento na Assembleia da República.

Alexandra Bessa, do CDS-PP, referiu estar solidária com as moções apresentadas e relevou, em nome do seu partido, bater-se na defesa dos interesses do concelho.

“Não temos nada contra a discriminação positiva para o interior, mas não podemos, mais uma vez, estar aqui na dita zona cinzenta, e ficarmos esquecidos”

O presidente da Câmara de Lousada assumiu estar solidário com os grupos municipais com assento na Assembleia Municipal e avançou que os actores políticos da região irão, a curto prazo, assinar um documento, com as respectivas posições, sobre esta questão, que será entregue a António Costa.

“A minha posição está em linha com o que sempre defendemos para este território e desde o momento em que introduziram portagens na SCUT. Na altura acabamos por condescender porque vivíamos tempos difíceis, de crise e as pessoas foram-se conformando de que não havia grandes condições para voltar trás. Agora, a partir do momento em que o país tem condições para poder atenuar os efeitos das portagens à população, entendemos que esta região tem que ter essa discriminação positiva porque vivemos numa região com um índice de compra inferior à média nacional. Não temos nada contra a discriminação positiva para o interior, mas não podemos, mais uma vez, estar aqui na dita zona cinzenta, e ficarmos esquecidos”, disse, sustentando estar convencido que o  Governo será sensível aos argumentos dos autarcas e vários actores políticos locais e que a A42 há-de ser igualmente incluída nesse plano.

O chefe do executivo avançou, ainda, que esta matéria reúne unanimidade no seio da Associação de Municípios e há-de receber a mesma atenção no Conselho Intermunicipal do Tâmega e Sousa.

“Está previsto subscrevermos um documento e fazê-lo chegar ao Governo e à comunicação social”, confirmou.