Se o valor do apoio camarário à aquisição de uma carrinha de nove lugares para a Junta de Freguesia de Lordelo não for revisto, o autarca Nuno Serra garante que vai recusar os 5.000 euros de subsídio definidos. O presidente da junta expressou a sua revolta na Assembleia Municipal de sexta-feira e fala em diferença de tratamento entre freguesias e falta de critérios na atribuição de verbas. Acabou por votar contra o apoio à própria freguesia, que foi, ainda assim, aprovado.

“Uma carrinha é igual a um trator. É uma ferramenta de trabalho”, sustentou o presidente da Junta de Lordelo durante a sessão da Assembleia Municipal, pedindo que a proposta fosse reconsiderada e o ponto retirado da ordem de trabalho. Com o presidente da Câmara ausente da sala, Nuno Serra deixou o aviso, caso não fosse reconsiderada a proposta e feita “justiça” em relação a Lordelo, a Junta vai recusar o subsídio.

Confrontado com a situação, já na sala, Alexandre Almeida decidiu manter a votação do ponto. A opção da maioria dos eleitos do PSD e do próprio presidente da Junta de Lordelo foi votar contra este apoio à freguesia, que foi aprovado pela maioria dos presentes.

“Há falta de critérios na atribuição dos subsídios e têm-se verificado injustiças. Tem de haver equidade para todas as freguesias”, salientou Nuno Serra na declaração de voto.

Aos jornalistas, acrescentou depois que foi feito este pedido de apoio por parte da junta de freguesia, para a aquisição de uma carrinha de nove lugares que estará ao serviço da freguesia e das associações de Lordelo. Perante o que considera como dualidade de critérios nos apoios, alega que é tempo de alguém fazer alguma coisa para mudar a situação. “Chegou a altura de dizermos chega e sentar-nos a discutir isto com o mesmo rigor para todas as freguesias. É inevitável que se veja o que está a passar noutras freguesias. Lordelo também paga impostos”, atirou.

Não discriminando freguesias, Nuno Serra frisa que têm havido apoios de 10 mil euros para outras juntas, para aquisição de tratores. “Para uma carrinha, com valor aproximado, dizem que o subsídio é de 5.000 euros justificando que o trator é uma ferramenta de trabalho. A carrinha também é”, defende, não concretizando o valor da carrinha, mas dizendo que estaria entre os 30 e os 50 mil euros.

“Se receber os 5.000 euros vou devolvê-los. Vou voltar a pedir à Câmara de Paredes, uma vez que não foi retirado o ponto, que seja revisto o apoio para que haja equidade. Depois tomaremos uma posição. Se não for revisto não posso aceitar. É injusto”, assegurou o autarca de Lordelo.

Questionado, Alexandre Almeida diz que mantiveram “a coerência”. “Já outras associações tinham feito pedidos de apoio para viaturas e nós tínhamos dado 5.000 euros. Por isso, atribuímos 5.000 euros. Se [o Nuno Serra] entender que o valor é insuficiente que faça um novo pedido e irá novamente a reunião de câmara e, se entendermos reforçar o valor, reforçamos. Este já esta aprovado”, sustentou.

O presidente da Câmara de Paredes recusa que haja diferença de tratamento entre freguesias. “Atribuímos valores maiores para apoio a equipamentos, como tratores, uma carrinha não é comparável como equipamento de trabalho idêntico. Estamos a manter os critérios que tínhamos até agora”, concluiu.