O espectáculo “Terra Queimada” da Astro Fingido – Associação Cultural, sediada na Escola da Parteira, em Lordelo, Paredes, foi o escolhido pelo júri do Projecto-piloto “Não Brinques com o Fogo”, para ser apresentado na zona Norte do país.
A iniciativa é desenvolvida pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), em colaboração o Ministério da Cultura, neste caso com a Direcção Regional de Cultura do Norte. A meta é estimular a “mudança de atitudes e comportamentos de risco relativos aos incêndios rurais” através das artes, incitando as populações a alterar comportamentos face ao uso do fogo e diminuindo o número de ignições.
A “Terra Queimada” subirá aos “palcos” na Lomba, em Gondomar, e em Aguiar de Sousa e Recarei, em Paredes, nos dias 26 e 27 de Setembro e 3 de Outubro de 2020.
Paredes classificado como concelho de risco elevado de incêndio
“A Astro Fingido – Associação Cultural apresentou a proposta vencedora ao Aviso #2 Artes Performativas – Criação de Espectáculo ao Ar Livre, tendo merecido uma escolha unânime por parte do júri”, diz a Direcção Regional de Cultura do Norte.
A mesma fonte recorda que o apoio financeiro concedido visa a criação e apresentação de um espectáculo ao ar livre, multidisciplinar (no âmbito das artes performativas – circo contemporâneo, artes de rua, dança, música e teatro – podendo, de forma complementar, incluir as artes visuais), que estimule a mudança de atitudes e comportamentos de risco relativos aos incêndios rurais.
“Este projecto da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais pretende ensaiar uma abordagem inovadora com o objectivo de promover a mudança de atitudes através da sensibilização das populações sobre a valorização da floresta e da conservação da natureza e as boas práticas na utilização do fogo para a gestão da vegetação e do território”, complementa a mesma fonte.
Segundo Ângela Marques, uma das directoras artísticas da Astro Fingido, a candidatura foi apresentada em parceria com a Jangada Teatro, o Bando das Gaitas, a Mandrágora e a Academia de Dança InDance (Porto). Haverá ainda uma participação do grupo de teatro amador de Cete o Cê Teatro.
“Ganhamos. Vamos pôr mãos à obra. Isto é um espectáculo que alia a criatividade à pedagogia. A ideia é alertar as pessoas para as más práticas e incentivar as boas práticas”, explica.
Ângela Marques salienta que muitas ignições partem de queimadas de lixos caseiros ou para limpar terrenos. “Muitas vezes as pessoas não medem os riscos porque já são comportamentos habituais”, diz.
A dotação global para os espectáculos vencedores é de 185 mil euros. Nesta fase piloto foram definidos oito concelhos de intervenção, que estão classificados como tendo grau de risco elevado de incêndio: Gondomar, Paredes, Gavião, São Brás de Alportel, Penacova, Poiares, Coimbra e Ourém.
Criada em 2008, a Associação Astro Fingido está em Lordelo desde 2016. Tem como directores artísticos Ângela Marques e Fernando Moreira. Promove um trabalho em três eixos de intervenção, desde a criação teatral, com a realização de espectáculos de teatro que circulem pela região, dando particular atenção à formação de públicos; o serviço educativo, com o desenvolvimento de actividades que contribuam para o desenvolvimento integral dos alunos, abrangendo oficinas de Artes Plásticas, Expressão Dramática e Filosofia para Crianças; e o projecto comunitário, com a criação de actividades culturais envolvendo a comunidade lordelense e de Parteira em particular.
Dessa forma, o objectivo passa por criar espectáculos de teatro profissional que “dialoguem com o território” onde a Astro Fingido se insere, “quer pelas temáticas escolhidas quer pela proximidade a estabelecer com a comunidade”. Exemplo disso foram as peças “A Torre dos Alcoforados”, um património local; “O Português Voador”, que tem como ponto de partida a vida do ciclista Ribeiro da Silva; ou “Mulheres Móveis”, sobre as carreteiras de Lordelo.
* Notícia actualizada às 17h50 com mais informação.
