O exercício de funções públicas e nomeadamente políticas, exige aos seus protagonistas uma permanente disponibilidade, empenho, determinação, responsabilidade e acima de tudo a noção bem vincada do sentido do serviço e interesse públicos.

Estar na politica, não raras vezes causa incómodos e alguns dissabores, mormente quando nem sempre o trabalho é reconhecido e valorizado por terceiros.

E mais incómodos causa e até algum sentimento de injustiça e ingratidão, quando aqueles que exercem funções não executivas lançam as ideias de forma séria e responsável, e depois o poder em funções, usando a máquina propagandista paga pelo erário público, desvirtua, ou tenta desvirtuar esses factos, apadrinhando ideias de terceiros como sendo próprias.

Estas situações não deviam ocorrer e são demonstrativas que, nem sempre os que exercem funções executivas, não obstante o seu mérito, têm a dimensão de aceitar e valorizar aquilo que os outros fazem bem, apenas e tão só por questões menores e designadamente por não comungarem das suas ideologias político-partidárias.

Em Penafiel, já se verificaram alguns casos que atestam o que acima referi, e algumas dessas situações, foram feitas de forma pouco urbana e diria mesmo com alguma falta de pudor.

Pergunta-se: qual a razão?

Francamente não descortino, a não ser alguma chicana politica e uma tentativa desenfreada de se tentar estar sempre na mó de cima, pena é, que só se consiga esse objectivo quando assessorados ou coadjuvados por meios que não estão à disposição da oposição, e que são pagos por todos nós.

É esta uma das inúmeras diferenças que já aludi e que frisarei sem limites, da desigualdade de meios e de oportunidades que os poderes executivos têm, ao invés dos não executivos, que nada têm, a não ser trabalhar a expensas próprias, conciliando com as suas vidas pessoais e profissionais.

Uso uma frase recorrente que é lapidar desta situação, fosse o campo de jogo aberto e a luta “mano a mano”, e aí sim, todos veriam as apetências dos seus eleitos locais.

Muitos ficariam surpreendidos, e julgariam de forma diferente, não tenho dúvidas!

Mas infelizmente assim não é, e há uma tendência quase que natural, de só se avaliar, e por consequência valorizar as acções do poder em funções.

Se perguntar, a título de exemplo aos penafidelenses, quem foram os responsáveis pela implementação do orçamento participativo em Penafiel, ou por exemplo, desta recente medida amplamente difundida na comunicação social, do apoio para a esterilização de animais de companhia, a esmagadoríssima maioria dos nossos concidadãos, devido à escassez de informação e à “adulteração” de alguns factos dirá que foi o poder em funções.

Mas a resposta não é bem assim…

Foi de facto, a vereação não executiva que lançou e suscitou estas medidas, a par de dezenas de outras que já referi em artigos passados e que continuarei a fazer no futuro.

A oposição lançou as medidas, a maioria acolheu-as de forma hábil, depois tenta-lhe dar algum cunho pessoal, e as respectivas assessorias de imprensa e agências de comunicação pagas em alguns casos a “peso de ouro”, fazem com mestria o seu trabalho, e as notícias saem com os “progenitores que se quer”, e, se me permitem a ironia, não havendo neste particular testes de ADN para se desmentir o que é veiculado.

Deixo porém uma sugestão igualmente séria e responsável:

Da mesma forma, eficiente e rápida, com que o poder em funções divulga medidas propostas pelos vereadores não executivos como sendo suas, devia também dizer aos penafidelenses o seguinte:

1-            Que os vereadores não executivos oportunamente propuseram a devolução parcial do IRS pago pelos munícipes, e que o actual executivo liderado pela coligação Penafiel Quer, declinou essa proposta aplicando a TAXA MÁXIMA DE 5%;

2-            Que os vereadores não executivos propuseram a isenção da derrama, para fixar empresas nos nossos territórios, e que a câmara municipal declinou essa proposta dos vereadores do PS;

3-            Que os vereadores não executivos apresentaram uma proposta para a Câmara Municipal de Penafiel, pagar aos seus fornecedores municipais, como outras fazem, em bom rigor, a maioria das autarquias da região a 30 dias, e que a coligação Penafiel Quer chumbou;

4-            Que os vereadores do PS propuseram e iriam aplicar essa medida, caso tivessem merecido o apoio maioritário dos eleitores, manuais e transportes escolares gratuitos até ao 12.º ano, como igualmente muitas autarquias do país fazem, mas que a nossa autarquia se recusa fazer;

Ficaria deveras satisfeito, se o repto que deixei supra, sustentado em documentos oficiais, disponíveis no SITE da CMP, nomeadamente as actas das reuniões de câmara, fosse seguido pelo poder executivo.

Se isto fosse feito, escreveria com agrado um artigo, em que também lhe chamaria não “OPOSIÇÃO RESPONSÁVEL”, outrossim, “PODER RESPONSÁVEL”.

Isto seria revelador de elevação e dimensão política, porque elogiar o que se faz bem, seja no poder ou na oposição é uma atitude nobre e que demonstra grandeza politica e pessoal.

Sem falsas modéstias, já o fiz neste espaço enquanto colunista, em relação ao actual poder em funções quando faz bem, sendo certo que o oposto nunca vi nem li em lado nenhum… e oportunidades não faltam. São mais que muitas as propostas e intervenções positivas feitas pela vereação não executiva ao longo do tempo.

Quem sabe no futuro, as coisas serão diferentes, porque já diz o ditado popular e bem: “…Não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe”.