A Junta de Freguesia de Paredes aprovou uma revisão ao Orçamento e Plano Plurianual de Investimento para 2018 para avançar com a aquisição de uma viatura orçada em cerca de 30 mil euros que vai servir os elementos do executivo. CDS-PP e PSD votaram contra.

“Esta medida é descabida e desprovida de sentido”

“Esta medida é descabida e desprovida de sentido”, critica o CDS-PP em comunicado. “Se os representantes da Junta de Paredes têm a possibilidade legal de compensação a título de ‘ajudas de custo’ nas deslocações que façam em trabalho para a freguesia, não se pode compreender que se prefira ‘carregar’ nas despesas com compra de viaturas menos poluentes, quando ao mesmo tempo temos a cidade cada vez mais poluída”, sustenta o partido.

Para os centristas, que têm apenas um elemento eleito na Assembleia de Freguesia, este investimento não faz sentido quando “os cantoneiros e varredores com o encargo de limpar os espaços públicos da freguesia de Paredes diminuíram sendo raramente vistos” e “as ruas e espaços públicos da freguesia têm lixo, sobretudo próximo das escolas, junto aos supermercados, cafetarias e das habitações, o que pressupõe que os locais de depósito de resíduos, são insuficientes, e que é manifesto que a recolha do lixo é insuficiente para toda a freguesia com os inerentes riscos para a saúde pública”.

O partido diz-se preocupado quanto aos problemas de higiene e limpeza e promete que, caso se mantenham ou se agravem, irá “participar a todas as instituições públicas que tutelam a saúde pública”.

Contactado, Francisco Ferreira, um dos eleitos do PSD na Assembleia de Freguesia, justificou o voto contra. “Não fomos tidos nem achados. Se esta alteração fosse ao encontro das necessidades da população não estaríamos contra. Não compreendo que comprem uma viatura para andar aí de porta em porta”, argumenta, lembrando que nos anos em que presidiu aos destinos de Castelões de Cepeda e, depois, da freguesia de Paredes, sempre usou o seu carro.

O social-democrata, que liderou a freguesia durante 24 anos, diz que haveria investimentos mais prioritários. “Não votamos contra pelo valor da viatura, embora houvesse veículos mais baratos. Mas se tivéssemos sido ouvidos teríamos sugerido que comprassem uma viatura que pudesse estar ao serviço da cultura, desporto e associativismo. Só para transportar o executivo não estamos de acordo”, critica.

“Não será só para este mandato. É um carro novo e ficará ao serviço da junta por muitos anos”

Ao Verdadeiro Olhar, o presidente da Junta de Paredes lembrou que a autarquia não tinha nenhum veiculo destinado ao executivo, sendo que cada elemento usava até agora a sua própria viatura. “Dificilmente se percebe quais são os gastos pessoais e quais os relativos à junta. Decidimos investir num veículo eléctrico. É uma situação que não valia a pena arrastar”, defende Artur Silva.

O socialista garante que este investimento será diluído ao longo dos anos e realça os baixos custos que o carro, um Nissan Leaf de cinco portas, terá em termos de consumo. “Não será só para este mandato. É um carro novo e ficará ao serviço da junta por muitos anos”, disse, adiantando que a ideia também passa por dar um contributo para a redução da poluição.

Sobre esta posição dos eleitos do PSD e do CDS-PP, Artur Silva acredita que a oposição só está contra porque “não arranjou mais nada” onde ser do contra.

Já quanto às críticas de falta de limpeza do espaço público e do lixo existente na freguesia, o autarca lembra que parte da responsabilidade é do município, que tem tido dificuldades com os veículos de recolha, mas que no que toca aos espaços públicos a junta está a tentar contratar pessoal para minimizar a situação nos próximos meses.