Na semana passada escrevemos sobre os cem dias da governação do PS em Paredes. Hoje escreveremos sobre o muito que falta fazer.

Infelizmente o concelho de Paredes não teve muita sorte ou não teve sorte nenhuma. É o concelho mais populoso da região do Tâmega e Vale do Sousa. É o concelho onde se iniciaram e cresceram as melhores empresas de mobiliário. Foi o berço do móvel. Não faltavam a criatividade, a qualidade, a capacidade de trabalho e a mão-de-obra qualificada. É o concelho que deveria estar a liderar os restantes. Encontra-se perdido à procura de si próprio. Se olharmos em redor ficamos com a noção de que perdeu o que tinha e pouco ou nada ganhou de novo. Só compreende esta análise quem conheceu o concelho e a vila de Paredes nos anos 70. Um concelho rural, é certo, mas unido e confiante nas suas potencialidades. Cada freguesia era um núcleo de desenvolvimento popular, criando as suas próprias infra estruturas e concorrendo de forma saudável com as restantes. A vila de Paredes era a sua sede muito respeitada. Uma vila de casas pequenas, moradias com um ou dois pisos, urbanização alinhada, ar respirável e atrativo para os turistas que por aqui veraneavam. Vinham “tomar ares”. O parque do “Zé Guilherme” com o seu ringue de patinagem era uma escola muito bem frequentada.

A comunidade não era tão numerosa mas era orgulhosa da sua terra e culturalmente mais ativa. Crescemos em população mas não em património. As indústrias trouxeram dinheiro mas este esfumou-se e as estruturas existentes não espelham esse potencial. As dificuldades são muitas, sabíamos e sabemos, mas a esperança mantém-se.

As freguesias têm de voltar a ter a sua dinâmica de proximidade e a resolver por sua iniciativa as essenciais prioridades do seu povo. As primeiras ações dessa partilha do poder e da decisão serão apresentadas já na próxima Assembleia Municipal do próximo dia 26 (segunda feira).

Esta forma de publicitar os subsídios, transferência de fundos e responsabilidade é nova e transparente. Tem que ser a prática e a metodologia da diferença. Os desconfiados desconfiam de tanta abertura.

Porquê estas freguesias? Porque foram as que se alinharam para obter os primeiros benefícios, porque foram as que acreditaram que era possível, porque eram as que mais precisavam, sei lá. O ser primeiro não quer dizer o ser o único. Acreditamos que haverá oportunidade para todas. Haja propostas viáveis e criativas e recursos para partilhar. É preciso avançar, crescer e consolidar o património das freguesias e do concelho.

Mas decisões maiores esperam este município. Reorganizar a rede viária e urbana das principais povoações e da cidade de Paredes. Uma promessa a cumprir ainda neste mandato. Nem todos pensam do mesmo modo. Como e quando, eis as questões para começar.

A extensão da distribuição de água e saneamento a todos os domicílios do concelho. Problema bicudo que terá que ter a participação de vários parceiros. Além do município são partes interessadas a “BeWater”, empresa que adquiriu a concessão para todo o concelho, uma dezena e meia de cooperativas e entidades que já distribuíam água antes desse negócio e não foram achadas no mesmo. As freguesias e os fregueses também terão uma palavra a dizer na decisão. Quando muitos são decisores a decisão é mais difícil. Não será de esperar uma resolução num mandato só. Urge começar porque muita pedra há para quebrar.

O realojamento da comunidade cigana é uma necessidade. É uma prioridade social e humana. É uma urgência urbana e de Saúde Pública. Outros parceiros terão que intervir além do município, a própria comunidade e o governo. É provável que não seja uma resolução para um mandato mas é preciso começar desde já.

E o património físico? A reabilitação do velho Pavilhão Municipal das Laranjeiras, a construção da nova Piscina Municipal ao ar livre e a finalização das instalações desportivas de Mouriz. Recuso-me a chamar-lhe “cidade desportiva” porque me faz lembrar uma megalomania que não desejo.

E porque não uma nova Biblioteca Municipal, ou Biblioteca Museu, digna e capaz de acolher o arquivo municipal e o acervo bibliotecário e arqueológico do concelho.

E muito mais ainda ficará por fazer. Mas isso serão outros projetos e outras crónicas…