Modernices

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Fernando Sena EstevesO termo pode parecer um tanto depreciativo, mas longe de mim tal propósito, pois é com admiração, senão mesmo com espanto, que observo os meios que o engenho humano tem desenvolvido nas décadas recentes. Alguns dos tempos que aponto são aproximados e referem-se ao uso corrente, especialmente em Portugal.

Começaria pelos computadores pessoais, recordando o primeiro Macintosh que entrou na minha Faculdade de Farmácia em 1984. As especificações parecem agora risíveis e o custo astronómico, mas a capacidade de elaborar textos e figuras (“MacWrite” e “MacPaint”), com a ajuda do rato, foi um avanço notável relativamente às alternativas então existentes. Sem esquecer a folha de cálculo “Multiplan” que depois deu lugar ao excelente “Excel”. E foi o que se viu no que toca aos computadores!

Na mesma altura aparecia o Multibanco, uma marca registada da SIBS (“Sociedade Interbancária de Serviços”). Tendo-se começado mais tarde que em outros países, Portugal pôde dispor de equipamento mais moderno, e com o engenho que os portugueses têm demonstrado no universo informático, o nosso país lidera esta actividade, oferecendo dezenas de serviços com nada menos de 13000 terminais!

Em 1991 iniciava-se a Via Verde, uma atividade pioneira a nível internacional e começavam por cá os telemóveis por ação da TMN (“Telecomunicações Móveis Nacionais”). Também é curioso comparar, no tamanho, custo e capacidades, os primeiros telemóveis aos correntes “smartphones” que, pelo menos no Brasil, dão pelo nome de “espertofones”…

Modernice mais moderna é a difusão dos dispositivos de GPS (“Global Positioning System”). Uma verdadeira delícia que me tem permitido encontrar, entre muitas outras coisas, os estádios de futebol onde o meu neto joga aos sábados. Parece-me mesmo magia a voz que me indica o caminho por estradas, ruas e ruelas e que de repente anuncia que cheguei ao meu destino. Por sinal, permito-me registar a qualidade e a surpreendente quantidade de estádios de clubes modestos que tenho encontrado, pequenos mas confortáveis, com cadeiras e coberturas.

Finalmente, este prodígio da Internet, que apareceu pouco depois dos computadores pessoais, primeiro timidamente mas que depois foi crescendo vertiginosamente, ao ponto de atualmente ser utilizada por um terço da população mundial. E são as enciclopédias, portais de serviços de todo o tipo, desde os jornais à Igreja, passando pelas grandes cadeias mundiais de informação. E é o correio eletrónico que permite comunicar com gente de toda a parte, trocando saudações, fotos de família, eu sei lá!

Um derivado da Internet é o mundo novo das redes sociais, com os blogues e os mais de 30 serviços como o Youtube, o Twitter e o Facebook. Se é certo que ainda há gente que não aderiu a estas redes, parece haver quem as queira trazer para a vida real, a ajuizar por este testemunho que me mandaram… pela Internet, claro!

Atualmente, estou a tentar fazer amigos fora do Facebook… mas usando os mesmos princípios.

Todos os dias saio à rua e durante alguns metros acompanho as pessoas que passam e explico-lhes o que comi, como me sinto, o que fiz ontem, o que vou fazer mais tarde, o que vou comer esta noite e mais coisas.

Entrego-lhes fotos da minha mulher, da minha filha, do meu cão, minhas no jardim, na piscina, e fotos do que fizemos no fim de semana.

Também caminho atrás das pessoas, a curta distância, ouço as suas conversas e depois aproximo-me e digo-lhes que “gosto” do que ouvi, peço-lhes que a partir de agora sejamos amigos e também faço algum comentário sobre o que ouvi.

Mais tarde, partilho tudo quanto me aconteceu com as outras pessoas.

E funciona: já tenho três pessoas que me seguem. São dois polícias e um psiquiatra!