Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

Oito presidentes de juntas de freguesia de Lousada decidiram criar um movimento interfreguesias do Sousa Superior e elaborar um manifesto para lutar “Pela Despoluição do Rio Sousa”.

Este documento quer funcionar como um “primeiro passo para a realização de acções concretas de pressão cívica e popular que acelerem o fim das descargas poluentes no Rio Sousa”, lê-se. Pretende afirmar um conjunto de valores e atitudes, que estes primeiros subscritores querem que sejam partilhados pela população destas freguesias, de todo o concelho e de todos que se queiram juntar.

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O manifesto foi apresentado à comunicação social na sexta-feira e melhorado e assinado, durante o fim-de-semana, pelos presidentes das juntas de: Aveleda; Caíde de Rei; União de Freguesias de Cernadelo, Lousada S. Miguel e Lousada St.ª Margarida; Macieira; Meinedo; União de Freguesias de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga; Torno; e Vilar do Torno e Alentém. Nestas duas últimas reuniões participaram também Luís Cunha, técnico da Câmara Municipal de Lousada ligado à parte da educação ambiental, e Daniela Barbosa, do projecto “Guarda-rios”.

“Surge de uma necessidade que sentimos no concelho”, refere Fausto Oliveira, presidente da Junta de Freguesia de Silvares, Pias, Nogueira e Alvarenga, acrescentando que a ideia aparece também a par da iniciativa da Paisagem Protegida para o Sousa Superior, da Câmara Municipal de Lousada. “Achámos em conjunto que, nós, presidentes de junta, devíamos dar um contributo adicional”, acrescenta.

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Desta forma, o objectivo passa por “envolver o maior número de pessoas”, porque “só assim, todos juntos, com mais força, com uma dinâmica maior é que as entidades vão perceber o problema e tomar medidas”, uma vez que passará a ser feita “uma pressão maior”, sempre nos enquadramentos legais.

Luís Cunha acredita que “este movimento vai trazer, sobretudo, proximidade às pessoas, porque, infelizmente, nem toda a gente tem acesso à informação e ao mundo digital” e que “pode ser o ponto de partida para outras freguesias se juntarem, nomeadamente, em torno de outros rios”.

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“A recolha das assinaturas funciona em dois sentidos: No sentido do assinante, que é a pessoa que vai tomar conhecimento (esperemos nós que toda a gente tome conhecimento disso), que vai perceber o que se está a passar – se ainda não tinha percebido; e da parte da pressão que é efectuada sobre as entidades decisoras”, acrescenta.

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Da parte do município, refere que há um trabalho que tem vindo a ser feito há cerca de três anos por uma equipa alocada só para tratar de problemas ambientais, que reporta alguns casos, e que já há “muitos processos em tribunal”.

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Através do projecto que Daniela Barbosa coordena, já se deparou com vários casos e refere que “a população vai ficando mais desperta, tanto que o rio já esteve muito mais poluído aqui há uns anos”. No entanto, sublinha que “os casos que agora se verificam são muito graves e há que actuar neles urgentemente”.

O “Guarda-rios” é uma iniciativa que surgiu em Setembro do ano passado e pretende “dar a conhecer às pessoas os problemas dos rios”. “É fazer das próprias pessoas guarda-rios para se envolverem, adoptarem troços de rio, elas próprias vigiarem, porque são quem vê, quem está no rio, quem pode reportar mais rapidamente de forma a sermos céleres na resolução dos problemas”, explica.

Neste caso, refere que o projecto já esteve no terreno cerca de 20 vezes com o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) e com a polícia municipal e que têm contactado os proprietários, “nomeadamente, das vacarias, que são aqui quem mais polui o rio”. Neste momento, estão a aguardar a decisão do tribunal relativamente a uma dessas vacarias.

Foto: Ana Regina Ramos/Verdadeiro Olhar

“Acho que, de facto, [a poluição] só vai acabar quando houver medidas muito concretas. No meu ponto de vista, por um lado, de uma forma legal da parte da Câmara Municipal, da Agência Portuguesa do Ambiente, das entidades competentes e dos tribunais e, por outro, no meu ponto de vista, um movimento muito forte da população, fazendo sentir a essas pessoas que o comportamento que estão a ter não é o mais correcto”, refere Fausto Oliveira. “Para além dos casos em concreto, acho que era preciso criar uma consciencialização, porque se forem duas ou três pessoas preocupadas, isto nunca vai chegar a lado nenhum. Se forem 200, 1000, ou 3000 acho que terá outro alcance e outra dinâmica”, indica.

Em data ainda a definir, referem que vão fazer chegar estas assinaturas às entidades competentes e que, em simultâneo, serão programadas outras actividades que chamem a atenção para este problema e contribuam para a sua resolução.