Joaquim Barbosa Esteves é o novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel. Assume o cargo depois do falecimento de Júlio Mesquita, que dirigia a instituição desde 2017. Era até agora vice-provedor da instituição, depois de ter estado na mesa administrativa como tesoureiro.

“Não houve um dia, em 10 anos, que eu não viesse à Santa Casa”, conta o novo responsável pela Misericórdia que adianta ficar apenas até às eleições previstas para o final do ano. Nessa altura, não vai apresentar uma candidatura. “Assumo o cargo como provedor até ao final do mandato para não serem necessárias eleições antecipadas”, explica.

O trabalho até lá será de continuidade e de levar a termo os projectos já iniciados, quer seja da nova adega quer da cozinha geral construída de raiz para servir todas as valências da instituição.

Financeiramente a Santa Casa está “com saúde”

Joaquim Barbosa Esteves tem 72 anos e é natural de Paço de Sousa, mas foi na cidade de Penafiel que passou a vida, primeiro como estudante e depois como professor de Educação Visual e Tecnológica do Ciclo Preparatório durante 36 anos. Está reformado há 17.

Já passou por várias instituições. Foi director da Adega Cooperativa de Ermesinde, durante sete anos, esteve 13 anos na Cooperativa Agrícola de Penafiel e foi tesoureiro da Fundação de Santa Maria Madalena, em Canelas.

A seguir veio para a Santa Casa da Misericórdia. Fez parte da mesa administrativa liderada por Júlio Mesquita desde 2010. Primeiro foi tesoureiro, três anos, e depois vice-provedor. Tinha também sob a sua alçada as construções e a parte agrícola da instituição. Cargos que ainda mantém.

Com o falecimento de Júlio Mesquita veio uma sucessão inesperada. Mas desde Março que já vinha a substituir o provedor. “Temos eleições no final do ano. Aí poderá ser escolhido um novo provedor. Não estou a pensar candidatar-me. Já tinha dito ao provedor que não ia continuar. Estou cá há 10 anos e é tempo demais. Acho que devia ser obrigatório a todos os Irmãos passar pelo cargo para perceberem como isto funciona e as dificuldades. Isto é trabalhoso”, assume Joaquim Barbosa Esteves.

O trabalho a desempenhar será, portanto, de continuidade. “Nada do que está feito será para destruir porque o anterior provedor avançou com autorização da mesa”, resume. Além disso, não pretende avançar com novos projectos, para dar liberdade à próxima mesa administrativa.

Quer antes terminar o que já está em curso: uma nova adega e uma cozinha geral que vai servir todas as valências. “Penso ter o gosto de as concluir até ao final do mandato. A adega fica pronta antes das colheitas em Setembro. Espero que nessa altura se monte a maquinaria na cozinha”, diz.

A cozinha resulta de um investimento superior a um milhão de euros comparticipado com fundos comunitários e vai “permitir economia”. Ficou instalada no polivalente onde era a antiga adega.

Em cima da mesa está outro projecto já antigo. A reconversão de um edifício junto à Igreja Matriz, criando nove apartamentos. Seriam para alugar, gerando rendimentos para a Santa Casa, com a opção de venda de cada uma das fracções em caso de necessidade de angariar verbas para a instituição.

Financeiramente, a Misericórdia de Penafiel está bem e recomenda-se. “Quanto à situação económica posso dizer que a Santa Casa neste momento está com saúde”, garante Joaquim Barbosa Esteves que tem passado os dias, “de manhã à noite”, na instituição.

400 refeições diárias com produtos frescos produzidos na própria instituição

O agora provedor é responsável pelo sector agrícola que é auto-sustentável. “Fazemos uma alimentação dentro da Santa Casa sem comprar qualquer fresco. São tudo frescos da casa, todo o ano”, desde batatas a hortícolas, adianta.

“É uma área muito exigente porque tentamos utilizar o mínimo de pesticidas e fazer produtos o mais naturais possível porque temos pessoas idosas e doentes e essas pessoas devem ser bem tratadas”, refere ainda.

Três funcionários tratam dos terrenos que produzem para alimentar os serviços da Misericórdia. Dala sai “tudo à tonelada”. “Quando uma coisa está a acabar planta-se mais. Isto é uma empresa dentro da Misericórdia. Há compra e venda e normalmente dá sempre lucro em relação às outras valências, dinheiro que é reinvestido”, justifica.

No total, são feitas à volta de 400 refeições diárias para alimentar 86 utentes dos lares e 150 funcionários. Fora as outras valências.

A Santa Casa de Misericórdia de Penafiel tem 510 anos e é uma das mais antigas do distrito do Porto.