É habitual dizerem-se e escreverem-se coisas boas sobre alguém que morre, muitas vezes romanceando e exagerando nas qualidades da pessoa falecida. O que agora escrevo sobre o Professor Júlio Mesquita escrevi-o neste mesmo local no dia 2 de Janeiro de 2017, altura em que no VERDADEIRO OLHAR atribuímos-lhe o prémio “Personalidade do Ano”.

Júlio Mesquita era o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, a mais antiga Santa Casa da Misericórdia da região.

Este transmontano de 74 anos, há meio século a viver em Penafiel, passou uma grande parte da sua vida ligado a algumas das principais associações do concelho. Quando foi eleito Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, em 2011, encontrou uma instituição num emaranhado conjunto de problemas financeiros e um clima de tensão entre os funcionários.

Em poucos anos, equilibrou as contas, recuperou grande parte do património religioso, comprou viaturas novas que prestam apoio domiciliário a dezenas de utentes, avançou com o projecto de recuperação da Igreja da Misericórdia, no coração da cidade de Penafiel, voltou a dar vida ao Museu de Arte Sacra, criou uma cantina social que serve, diariamente, 80 refeições a famílias carenciadas. Júlio Mesquita criou ainda a Rota das Igrejas de Penafiel, uma forma de turismo religioso que leva os turistas a conhecer as 10 igrejas da cidade.

Entre os muitos projectos que desenvolveu, conseguiu tratar do problema de degradação do antigo hospital de Penafiel, arrendando-o a uma entidade que o transformou num hospital privado e criou 60 novos postos de trabalho.

Poderia escrever ainda que Júlio Mesquita salvou da falência os Bombeiros Voluntários de Penafiel enquanto foi presidente e tantas outras histórias de sucesso por onde passou. Mas, para simplificar, prefiro resumir Júlio Mesquita como sendo o homem que transformou os cargos em cargas e que as levava até ao fim. Era um homem bom!