A população portuguesa está a envelhecer e os dados mais recentes da PORDATA, divulgados em abril, confirmam que este fenómeno não poupa a região. Os números são claros: entre 2000 e 2023, o índice de envelhecimento mais do que triplicou na média dos cinco concelhos analisados — Lousada, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Valongo.
Este índice é calculado com base nas estimativas anuais da população residente do Instituto Nacional de Estatística (INE) e representa o número de pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 jovens até aos 15 anos.
Em 2000, na média destes concelhos, existiam 44 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 jovens. Hoje, esse número disparou para 140. Em apenas duas décadas, a pirâmide demográfica inverteu-se de forma evidente, deixando sérias implicações para o futuro social e económico da região.

Valongo e Penafiel são os concelhos mais envelhecidos
Entre os cinco concelhos analisados, Valongo apresenta o índice mais elevado: 156 pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 jovens. Este valor mais do que triplicou desde 2000, quando eram apenas 53. Segue-se Penafiel, onde há 149 idosos por cada 100 jovens, contra 48 em 2000.
Estes dois concelhos lideram a tabela da região em termos de envelhecimento populacional, sendo também aqueles onde o desequilíbrio geracional já é estrutural.
Lousada é o concelho mais jovem da região
Do outro lado da balança está Lousada, que apesar de também registar uma triplicação do seu índice de envelhecimento ao longo dos últimos 23 anos, é ainda o concelho da região com a estrutura etária mais jovem. Em 2023, havia 125 pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 jovens até aos 15 anos — uma diferença considerável face a Penafiel (menos 24) e Valongo (menos 31).
Em 2000, Lousada apresentava um dos índices mais baixos: 39 idosos por cada 100 jovens.
Paços de Ferreira: de concelho mais jovem ao que mais envelheceu
Se em 2000 Paços de Ferreira era o concelho mais jovem da região, com apenas 38 pessoas com 65 ou mais anos por cada 100 jovens, hoje é o que mais envelheceu proporcionalmente. Em 2023, esse valor ascendeu a 137, o que representa um aumento de 259% face ao ano 2000 — o maior entre os cinco concelhos analisados.
É uma inversão demográfica significativa, que traduz a rapidez com que o município está a envelhecer.
Paredes mais do que duplicou o índice de envelhecimento
Paredes também acompanha esta tendência: de 40 idosos por cada 100 jovens em 2000, passou para 133 em 2023, o que representa um crescimento de 231%. Apesar de não liderar o ranking dos concelhos mais envelhecidos, é um dos que mais rapidamente alterou a sua estrutura etária nas últimas duas décadas.
Penafiel e Valongo: os mais envelhecidos, mas com ritmos diferentes
Penafiel, o segundo concelho mais envelhecido, tem hoje um índice de 149 — um aumento de 207% face a 2000. Já Valongo, embora lidere atualmente o envelhecimento regional, apresenta um crescimento proporcional mais baixo no mesmo período: apenas 190%.
Isto significa que Valongo já apresentava, há mais de duas décadas, uma população envelhecida comparativamente aos restantes municípios da região.
As consequências do envelhecimento da população
O acentuado envelhecimento da população levanta um conjunto de desafios estruturais. Por um lado, pressão crescente sobre o sistema de saúde e de segurança social; por outro, escassez de população ativa para manter a dinâmica económica e responder às necessidades do mercado de trabalho.
Além disso, há riscos de desertificação de zonas periféricas, aumento da solidão entre pessoas mais velhas, e sobrecarregamento das autarquias com funções sociais e de apoio que antes estavam mais distribuídas pela comunidade.
Uma tendência que exige respostas urgentes
A inversão da pirâmide etária é hoje uma realidade na região e exige políticas públicas robustas que promovam a natalidade, fixem jovens e atraiam investimento para assegurar qualidade de vida a todas as gerações.
Porque este retrato, mais do que estatístico, é uma chamada de atenção para o futuro coletivo da região.