Assistimos esta semana à demissão de Pedro Cepeda da presidência do PSD de Penafiel. Cepeda alega que se afasta do cargo para preparar as próximas eleições autárquicas de 2025, uma decisão que, à primeira vista, se afigura natural. Contudo, tal como em qualquer partida de xadrez, cada jogada tem um propósito, e esta não é excepção.

O momento escolhido para esta demissão, assim como a aparente falta de diálogo com a comissão política e os militantes, levanta suspeitas. Será um simples acto de gestão ou uma tentativa de manipular o tabuleiro político a favor do actual presidente da câmara?

Em meses recentes, testemunhámos a renúncia de Susana Oliveira, ex-vice-presidente da Câmara Municipal de Penafiel. A sua saída silenciosa, longe de qualquer ruído mediático, e o aumento do número de militantes do PSD de Penafiel parecem ter causado desconforto entre os corredores do poder partidário.

A chegada de novos militantes e o facto de estes serem cada vez mais difíceis de controlar e influenciar parecem ter precipitado esta demissão. Assim, ao agendar eleições para decorrerem em pleno Verão, o partido parece tentar a todo o custo manter o controle da situação.

E, de repente, surgem dois candidatos, Alberto Santos e Antonino de Sousa, que revelam a crise latente no seio do PSD de Penafiel. A coincidência das suas candidaturas demonstra a guerra surda que se vive dentro do partido.

A nota de Antonino de Sousa às redacções é particularmente elucidativa, ao invocar a necessidade de envolvimento dos que terminam os seus mandatos nos processos de sucessão. Porém, um verdadeiro envolvimento não necessita de controle, mas de apoio, confiança e lealdade para com quem sucede.

Se os militantes puderem votar livremente, sem manipulações, acredito que a tarefa será mais complicada para Antonino de Sousa. Apesar de ser o atual presidente da câmara, sofre o peso de ser um outsider no PSD. Importa recordar que Antonino era presidente do CDS-PP de Penafiel até se desfiliar para poder ser o candidato da Coligação Penafiel Quer, primeiro, como independente e, mais recentemente, como militante do PSD. E agora, no PSD, tenta condicionar a vida interna do partido.

As próximas eleições na concelhia do PSD de Penafiel têm, por isso, muito mais em jogo do que aparentam. Irá o PSD optar por uma lista organizada por Alberto Santos ou verá este a encabeçar uma lista de independentes à Câmara de Penafiel? Só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: em política, como no xadrez, é preciso ler para além das jogadas óbvias.