Da guerra que nos sobra e da água que nos falta

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Da guerra: a semana, com mais uma ou menos uma notícia, vai-nos exibindo a evolução da guerra na europa resultante da invasão da Ucrânia pela Federação Russa.

Do que nos chega e porque quase só nos chegam notícias da comunicação social ocidental, lá nos enganam ou nos deixamos enganar com a possibilidade de Ucrânia poder vencer o conflito.

Os últimos dias, sobretudo para os mais crentes e mal informados, começam a desmontar essa possibilidade. A rendição de Mariupol parece ser o primeiro passo do efectivo reconhecimento mediático da superioridade das forças russas, apesar das permanente esforço de guerra dos países da Nato, ocultados sob o capote das acções individuais que não permitem ou tentam evitar que se exponha a aliança militar que, ao contrário do que se diz, não é só uma organização defensiva.

Tentemos evitar a “normalização” da guerra. Passar a conviver com ela é pactuar com o desrespeito pela vida humana, pela dignidade a que todos devem ter direito. É assobiar para o lado, enquanto, ao nosso lado, como tordos vão matando e mutilando os nossos semelhantes. O nosso silêncio será cúmplice dos crimes contra a humanidade que esta guerra configura.

Da água: à figura do resgate levado a cabo pelo município de Paredes  – ainda não totalmente confirmado-  e de consequências imprevisíveis , sobretudo no que aos custos diz respeito, responderam outros municípios que, com o mesmo intuito de( re)municipalizar os serviços de águas e saneamento, escolheram a via do diálogo e estão a ultimar as condições para uma saída estruturada e pacífica das empresas com  quem tinham estabelecidos contratos de concessão. Paços de Ferreira, por outro lado, ao resgate preferiu a rescisão do contrato por incumprimento da parte concessionada. Com a rescisão unilateral do contrato, com o qual a empresa privada , seguramente, não estará de acordo, abrem-se as portas, também aqui para as decisões judiciais que vierem a resultar de cada caso.

Somos dos que, desde o princípio, defendemos a (re)municipalização dos serviços de saneamento básico, mas perante a existência de contratos de concessão e perante a evidência de incumprimentos  da ambas as partes, sempre escolheríamos a via do diálogo. Seria mais lógica, mais certa dos custos e, sobretudo, não se deixaria arrastar pelos tribunais – vá lá saber-se por quantos anos- um assunto que é vital e prioritário para o planeamento e desenvolvimento de cada um dos concelhos envolvidos. Nos entretantos, Penafiel e Lousada, que nunca concessionaram esses serviços parece darem-se bem com a situação.

O tempo dirá que teve mais razão, mas à certeza de que os custos da municipalização serão sempre superiores aos que as autarquias estão dispostas a pagar, emergirá, sem dúvidas, um aumento do preço da água e dos serviços de saneamento.

Também aqui, a inexistência de uma estratégia intermunicipal, se transformará num aumento dos custos económicos, sobretudo para a indústria, e na degradação da qualidade de vida das populações do Vale do Sousa.

Não havia necessidade. E nunca há responsáveis. Como sempre.