O imobiliário e a ligação umbilical com a natureza colocam Valongo numa posição privilegiada para a fixação de novas populações. Para o fazer, é necessário apostar na mobilidade sustentável. Isto significa promover as ligações em Ermesinde ao Metro do Porto e às linhas ferroviárias de Leixões e Vale do Sousa; mover a estação de Valongo para o centro da cidade; e, desenvolver um plano municipal de ciclovias.

Nos últimos artigos critiquei a ausência de projeto político para Valongo, quer na governação do Partido Socialista quer na oposição liderada pelo Partido Social Democrata. Cabe-me procurar contribuir para a construção de tal projeto.

Diagnosticando o concelho, tendo em vista o papel que pode vir desempenhar no âmbito regional e nacional, há características incontornáveis de Valongo que se encontram subvalorizadas. Procurar explorar tais características, na tentativa de as fazer servir o desenvolvimento, só poderá ser positivo. Vou-me centrar em duas dessas características, que podem permitir definir um objetivo para o concelho.

Valongo tem dos imobiliários com custo mais baixo no Grande Porto. Comparativamente com os concelhos limítrofes e a cidade do Porto, os preços de venda e arrendamento dos imóveis habitacionais e não habitacionais são consideravelmente baixos. Ao mesmo tempo, Valongo tem ligação umbilical com a natureza. Não esqueçamos que saindo do Porto em direção a Este, a primeira zona não urbana que se encontra é a vila de Campo. Esta realidade encontra expoente máximo no Parque das Serras do Porto, com a sua utilização para a realização de desporto ao ar livre por pessoas vindas de todo o país.

Estas duas características colocam Valongo numa posição privilegiada para tentar promover a fixação de novas populações, em particular de pessoas jovens e cosmopolitas, que valorizem particularmente a qualidade de vida, o contacto com a natureza e um estilo de vida sustentável. Assumindo como objetivo a fixação destas populações, há que procurar as medidas que o permitam concretizar. Irei focar-me em propostas em três níveis. Neste artigo abordarei a mobilidade.

Assim sendo, em primeiro lugar, há que apostar na mobilidade sustentável. É necessário permitir às populações mais jovens e mais preocupadas com a pegada ecológica a mobilidade de e para o concelho, e em particular de e para o Porto, sem a necessidade da utilização do carro.

Para tal, há que promover as ligações à rede de transportes públicos metropolitanos. Neste ponto, desempenham particular importância as ligações em Ermesinde ao Metro do Porto e às linhas ferroviárias de Leixões e Vale do Sousa. Por outro lado, será fulcral mover a estação de Valongo para o centro da cidade, fazendo a ligação com a nova centralidade criada com os novos paços do concelho.[1] Por fim, mostra-se estratégico o desenvolvimento de um plano municipal de ciclovias.

No próximo artigo, debruçar-me-ei sobre as propostas a outros dois níveis: fixação de empresas e a ligação ao meio ambiente.

 

[1] https://verdadeiroolhar.pt/2020/07/14/colocar-ferrovia-no-centro-do-debate/