Foto: Fernanda Pinto/Verdadeiro Olhar

Depois de toda a actividade assistencial não urgente ter sido suspensa em Março, com o início da pandemia COVID-19, o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), retomou, esta semana, consultas, cirurgias e exames de diagnóstico e terapêutica programados, com novas regras de segurança. Em Março e Abril as quebras foram de cerca de 30%.

Regressar “à normalidade”, até porque ainda se mantêm os circuitos para dar resposta a doentes infectados, vai demorar meses, mas o presidente do conselho de administração do CHTS assume o objectivo “ousado” de chegar ao final de 2020 com melhores tempos que os do ano passado. “Queremos chegar ao fim de Julho com uma lista de espera que se assemelhe à que existia em Dezembro de 2019, ou seja, sem doentes à espera há mais de um ano e depois ir progredindo até chegar ao fim de 2020 com uma lista de espera que não tenha doentes a aguardar há mais de nove meses”, explica Carlos Alberto.

O serviço de urgência também já começa a ser mais procurado. Já as visitas continuam suspensas e sem data prevista de retoma.

Uso de máscara obrigatório e salas de espera com distanciamento garantido

Com a necessidade de dar primazia à COVID-19, o CHTS, à semelhança de todos os hospitais do país, suspendeu toda a actividade programada não urgente. A redução foi elevada. “Em termos globais, tivemos uma quebra de cerca de 30%, sendo que há áreas em que a quebra foi maior (consultas presenciais, urgências e cirurgias de ambulatório, meios complementares de diagnóstico), enquanto noutras foi menor (internamento, bloco cirúrgico de urgência) e outras tiveram até um aumento em vez de quebra (teleconsultas)”, descreve Carlos Alberto.

Com o fim do Estado de Emergência, arrancaram as consultas, cirurgias e exames de diagnóstico e terapêutica programados, mas com “grandes ajustamentos”. “Há novas regras de segurança, distanciamento e protecção de profissionais e utentes que têm de ser asseguradas”, refere.

“As salas de espera não podem ter aglomerações de pessoas à espera, há sinalética que sensibiliza (e em alguns casos até obriga) ao distanciamento social, é obrigatório o uso de máscara, não podem entrar acompanhantes às consultas, excepto em pessoas dependentes, etc. Tudo porque, enquanto não tivermos um tratamento ou vacina para a COVID-19, vamos todos ter de viver de um modo muito diferente”, admite o presidente do conselho de administração. Todos os doentes sujeitos a intervenção cirúrgica, por exemplo, são agora testados previamente à COVID-19.

A retoma será gradual e demorará “meses”, mas as remarcações já estão em curso. Até porque, Carlos Alberto quer cumprir metas. “Temos como ambição chegar ao final de 2020, apesar de todas estas dificuldades, com listas de espera menores do que as que existiam em Dezembro de 2019. Mas temos de fazer tudo isto em segurança, minimizando tanto quanto possível os riscos de eventuais contaminações e continuando a garantir circuitos diferentes aos doentes contaminados por COVID-19”, sustenta.

O responsável pelo CHTS diz que o objectivo é “combater todas as listas, cirúrgicas (de ambulatório e no bloco central) bem como as da consulta”.

Mais de 20 mil teleconsultas realizadas

Para o futuro mantêm-se também as teleconsultas, “um dos bons exemplos de resposta diferente neste tempo de pandemia”. “Cerca de 20 mil consultas foram já realizadas por este meio e a receptividade dos doentes tem sido muito boa porque sentem um grande conforto e confiança em serem acompanhados pelos médicos sem a necessidade dos incómodos das deslocações, excepto quando é mesmo necessário”, argumenta Carlos Alberto.

O que também mudou nos últimos dois meses foi a procura pelo serviço de urgência, com uma redução superior a 30%. “Verificaram-se duas situações diferentes: os doentes que precisavam de atendimento e não foram por medo da situação que podiam encontrar e os doentes que habitualmente se deslocavam à urgência sem motivo justificativo (falsas urgências) e que agora também deixaram de acorrer ao hospital”, acredita o presidente do conselho de administração do CHTS.

Mas nos últimos dias, salienta Carlos Alberto, “começa a notar-se um crescimento da afluência, sendo que é desejável que só se desloquem as pessoas verdadeiramente necessitadas, porque as limitações e os riscos daquele local com muitas pessoas, obrigam à permanência pelo menor tempo possível e sem acompanhantes”.

Quanto às visitas, mantêm-se suspensas e sem previsão de abertura. Para superar as saudades e manter os familiares em contacto, vários serviços do CHTS têm implementados serviços de vídeo-chamada.