André FerreiraA cerca de um ano das eleições, aqui e além nota-se que o poder em funções, sedento da sua manutenção, vai levando a cabo um conjunto de acções e obras materiais por forma a que a população vá vendo e por via disso, se sinta confortável e quiçá sintonizada com o poder.

Contudo, no passado já se assistiu a situações similares, ou diria mesmo numa escala superior, no sentido de se tentar a todo custo a manutenção do status quo e, em suma, do poder.

No meio ano que antecedeu as eleições autárquicas de 2013, o concelho de Penafiel, foi a nível nacional o que mais contratos de investimento celebrou.

Isto é por si só sintomático, da postura de quem exerce o poder, com o beneplácito e apoio efusivo de alguns que gerem as contas municipais, que deviam ser apenas técnicos mas o despudor é tal, que vestem a camisola partidária.

São reflexos dos tempos, e o que virá doravante será com toda a certeza digno de registo, atentos os comportamentos titubeantes de muitos.

Mas, e concretizando, a CM Penafiel a um ano de eleições vai lançando obras cirúrgicas, atribuindo ajustes diretos para contentar ou minorar o descontentamento de alguns, ganhando e (re) ganhando apoios de alguns desavindos, ou seja, o que já estamos habituados.

É uma prática de dar e repartir tudo ou quase tudo aos apaniguados, prometendo e concretizando em alguns casos promessas, aproveitando a fragilidade pessoal em diversos momentos.

Na prática, um comportamento bem conhecido e gasto daqueles que exercem o poder em Penafiel há quase 16 anos, ou seja, perto de duas décadas.

Todos sabemos, que uma das principais características dos erros num sistema democrático, é o excesso de tempo no exercício de funções, e no exercício das mesmas funções, ou seja, os mesmos nos mesmos pelouros, por exemplo numa escala estritamente municipal.

A alternância, ou melhor dizendo as alternativas são importantes, para quebrar vícios, costumes antigos e uma inevitável prepotência e arrogância quando se exercem funções autárquicas durante tantos anos.

O filme é o mesmo de sempre sendo os actores igualmente conhecidos.

Por isso, em democracia, as mudanças acarretam sempre vantagens, diria mesmo enormes vantagens, pois quem se pretende afirmar como tal, terá inevitavelmente que mudar e fazer diferente e melhor.

No quadro politico actual, vemos em Penafiel, os mesmos actores há 16 anos no poder, e por muita boa vontade que alguns(a)s possam ter, o poder por tempo excessivo acarreta decisões pouco prudentes, pouco avisadas, acarreta como disse prepotência e em sentimento de quase inimputabilidade.

Relembro-me da história contada por um amigo, que conhece uma pessoa, que infelizmente padece de uma patologia, mais conhecida por nanismo, e que então esse seu amigo, que é vulgarmente designado por anão, mas sendo uma pessoa bem-sucedida e com poder e meios para dar, não deixa apesar da sua condição física, de ser um gigante…

Em suma, a natural ideia que muitos têm de: “quero, posso e mando!.

Os caminhos fazem-se caminhando, e as inovações, as diferenças, as alternativas devem-se impor de molde a que se possa quebrar tamanhas práticas de exercício de funções que acabam por toldar alguns dos valores da democracia representativa.

Termina-se perguntando:

Porque razão, se está tanto tempo no poder, e se faz tudo, mas mesmo quase tudo, para que esse poder continue e os protagonistas já (antigos) em funções continuem???

Porque será?

O que tem o poder de tão inebriante por estas bandas?

Bem, já dizia Abraham Lincoln: “Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”.

Sábias palavras sem dúvida!