As cerca de 22 crianças, em situação de perigo, que têm como casa o Centro de Acolhimento Temporário (CAT) “Âncora” da Associação para o Desenvolvimento de Rebordosa têm agora uma nova sala para convívio e brincadeiras. Tudo graças à generosidade de uma empresa da terra que renovou e decorou todo o espaço a custo zero.

O CAT é uma estrutura residencial que visa proporcionar condições de vida tão próximas quanto possível às da estrutura familiar, através de um acompanhamento personalizado à criança e da sua integração na comunidade, assegurando o bem-estar físico e psicológico das crianças, a educação e a saúde, bem como a sua inserção social.

A acção deixou todos felizes: a associação, a empresa e os seus funcionários e as crianças beneficiadas.

“As crianças ficaram felizes e até eu chorei”, diz presidente da instituição

Foto: Laskasas

A Associação para o Desenvolvimento de Rebordosa actua no campo social há 32 anos. Conta com cerca de 100 pessoas nos quadros e ainda com alguns profissionais em programas ocupacionais. Conta com um orçamento anual de dois milhões de euros para dar resposta a várias valências com mais de 300 utentes e muitas famílias a beneficiarem dos serviços que prestam à comunidade: estrutura residencial para idosos – 70 utentes; centro de dia 54 utentes; serviço de apoio domiciliário – 32 utentes; creche – 41 crianças; ATL – 60 crianças; serviço de prolongamento – 40 crianças; cantina social – 68 refeições diárias.

A estas valências acresce a do Centro de Acolhimento Temporário (CAT) “Âncora”, um dos únicos da região a dar apoio a crianças encaminhadas pelo tribunal e Segurança Social por estarem em situação de risco, explica Fernando Magalhães, presidente da AD Rebordosa. Têm convenção com a Segurança Social e um protocolo para 22 vagas, para crianças dos 0 aos 12 anos de idade, mas Fernando Magalhães admite que são necessários mecenas para dar a qualidade pretendida. O trabalho com estas crianças, que conta com uma educadora social, uma educadora de infância, uma psicóloga e uma auxiliar, é feito 24 horas por dia, sete dias por semana, salienta.

“Na nossa instituição, como em todas, faltam sempre coisas. Os espaços do CAT estavam mais ou menos bem mobilados, à excepção desta sala de convívio e recreio onde era preciso um espaço mais aprazível”, explica o presidente da AD Rebordosa.

Foto: Paulo Pinheiro

Depois de tentarem, sem sucesso, ser escolhidos para um programa televisivo que promove a renovação de espaços, resolveram procurar localmente uma resposta e conseguiram sensibilizar a empresa Laskasas para o projecto.

Durante uma semana, uma equipa multidisciplinar da empresa renovou e redecorou o espaço que abriu portas às crianças ainda antes do Natal. Além das paredes e tectos ganharem novas cores, também o mobiliário transformou o espaço de brincadeiras que ganhou estantes, sofás, um quadro para desenhos e vários brinquedos, entre outros.

“A empresa dispôs do seu tempo, de funcionários e equipamentos. É destes empresários que são precisos. Um empresário da terra, com sucesso, que além de dar emprego a muita gente ainda dá este apoio social”, realça.

“As crianças ficaram felizes e até eu chorei”, confessa o septuagenário. “Um grande obrigado à empresa Laskasas. São empurrões destes que nos dão alento para continuar a trabalhar por aqueles que mais precisam”, conclui Fernando Magalhães.

Foto: Paulo Pinheiro

“Ver a felicidade na cara das crianças enquanto descobriam o seu novo espaço de lazer, cheio de cores e vida, é algo que não tem preço”, diz empresário

Quando desafiada, a Laskasas não hesitou. “Recebemos este desafio de braços abertos e aceitamos imediatamente. Faz parte da identidade da empresa envolver-se em causas meritórias como a do Centro de Acolhimento Temporário Âncora”, afirma Celso Lascasas, administrador da empresa de Rebordosa.Segundo o empresário, estiveram envolvidos, de forma directa, nesta intervenção 14 colaboradores, num investimento de cerca de 11.500 euros. “O investimento foi, no entanto, de toda a empresa, com os trabalhadores Laskasas a contribuírem com brinquedos, roupa e outros acessórios para as crianças do CAT”, realça.

A renovação foi feita por duas empresas do grupo. Primeiro a Home Recover fez pequenas reparações e preparou rodapés, retocou paredes e pintou o espaço. Depois, a equipa da Laskasas decorou todo o espaço, fabricando os móveis, tratando da iluminação, dos tapetes e do aproveitamento do espaço.

“Depois da obra terminada, o sentimento foi de dever cumprido. Ver a felicidade na cara das crianças enquanto descobriam o seu novo espaço de lazer, cheio de cores e vida, é algo que não tem preço”, diz Celso Lascasas. A acção teve ainda mais significado por ser em Rebordosa, afirma o empresário. “Ser em Rebordosa, cidade onde se situam as três unidades fabris do grupo Laskasas, é o concretizar de um objectivo de retribuir àquela que também é a minha terra-natal”, acrescenta.

Esta não foi a primeira vez que a empresa de Rebordosa se envolveu numa acção solidária. No início deste ano está projectada para o Hospital Pedro Hispano uma intervenção semelhante.