Um casal residente na freguesia de Sobreira, em Paredes, comemorou 60 anos de casamento e vida em comum. Mas, em vez de aceitar prendas, habituais nestas datas, Maria Augusta Cerqueira, de 83 anos, e Augusto Cavadas, de 89, pediram aos convidados um donativo para o IPO – Instituto Português de Oncologia do Porto.

O valor, “simbólico”, foi entregue no final do mês passado, por Maria Augusta e pela filha, Ana Maria Cavadas, e deu alvo a um agradecimento do IPO, por este donativo “muito especial”.

Foi a 25 de Novembro de 1962 que Maria Augusta e Augusto casaram, na Igreja do Bonfim, no Porto. Ela tinha 23 anos e ele 29. Ela é do Porto e ele de Paço de Sousa (Penafiel). Ela estudou, fez o 9.º ano (antigo) e trabalhava numa unidade de saúde em Ermesinde. Ele foi mecânico de motorizadas e, mais pró fim, de máquinas agrícolas. Agora é cozinheiro (lá de casa) e faz umas coisas no quintal, brinca a mulher. Depois de sair da unidade de saúde ainda exploraram um café.

Foram “60 anos de trabalho”, resume. Já no casamento, houve momentos felizes e também “altos e baixos”, como em todos, afirma a sénior. Têm duas filhas, uma de 58 e outra de 49 anos, quatro netos e uma bisneta.

Foto: IPO/Maria Augusta com a filha Ana

O cancro bateu à porta dos dois. Ele foi operado ao intestino, há 11 anos, e precisou de ser ostomizado e usa um saco para as fezes. Ela teve de fazer seis meses de quimioterapia, “por uma coisa que apareceu na barriga”, e de realizar também uma cirurgia.  

O marido queria fazer uma festa maior, nos 60 anos de casamento, conta Maria Augusta, mas ela tinha sido operada há pouco tempo e, por isso, fizeram uma coisa mais pequena, com a família e alguns amigos chegados. Não quiseram prendas. “Fiz um saquinho de renda com as cores do IPO e passei por todos e cada um deu o que podia”, relata a mulher. Juntaram-se 300 euros, um valor “simbólico”, uma “migalhinha”, reconhece.

“Aquilo precisa de muita ajuda. Só quem está lá dentro percebe o que se passa”, justifica, dizendo que são muitas as necessidades de profissionais e utentes. “Tenho pena daquelas pessoas que lá passam tantas horas seguidas”, explica ainda. Ela demorava cinco horas a fazer cada tratamento. “Deus queira que a médica veja a TAC e diga que não preciso de mais nada”, diz, sobre o seu caso, esperando não ter de regressar à quimioterapia. O marido também continua a ser acompanhado e a fazer exames regulares no IPO do Porto. “Vamos empurrando devagarinho”, comenta Maria Augusta.