Os acidentes acontecem com regularidade e com elevados prejuízos humanos e materiais e todos concordam com a solução: uma rotunda na saída da A4, no nó Penafiel Centro, para fazer a ligação à EN106.

Só nos últimos 10 anos, mostram números da GNR avançados pela Câmara Municipal de Penafiel, aconteceram naquele entroncamento 93 acidentes que causaram 53 feridos, um deles grave.

O município considera este um ponto crítico e lembra que já há um projecto, desenvolvido pela autarquia, para a construção de uma rotunda, orçada em cerca de 300 mil euros, que está na gaveta desde 2016.

Para fazer pressão junto do Governo, nomeadamente da Infra-Estruturas de Portugal, os eleitos da Câmara de Penafiel, pelo PS e pela coligação PSD/CDS, aprovaram uma moção conjunta pedindo que haja uma intervenção prioritária naquele local.

“Se há local em Penafiel onde é imperiosa a construção de uma rotunda é ali”

Entre 2008 e 2017, houve 93 acidentes no entroncamento que, além da saída e entrada da A4, faz a ligação à cidade de Penafiel, ao concelho de Lousada, à estação de comboios e à zona industrial. Só nos últimos três anos foram quase 50 os acidentes registados.

Acidentes registados no nó de saída da A4 com a EN106 (dados da GNR)
AnoN.º de acidentesFeridos GravesFeridos Ligeiros
2008604
2009203
2010207
2011804
2012504
20131318
2014804
20151905
20161507
20171506
TOTAL93152

O PS Penafiel voltou a levantar o tema em reunião de executivo. “Desde sempre que este tem sido um ponto crítico rodoviário que, com o passar dos anos e o consequente aumento do tráfego nesta zona, tem originado muitos acidentes causando elevados prejuízos materiais e humanos”, lamentou André Ferreira. “Se for o Governo da República que está a falhar tem que nos dizer para exercermos algum magistério de influência para resolver o problema”, disse o vereador da oposição ao presidente da Câmara Municipal, defendendo a “necessidade imperiosa de construção de uma rotunda na saída da A4 Penafiel Centro”. “Ocorrem ali acidentes com alguma regularidade, alguns com consequências. Se há local em Penafiel onde é imperiosa a construção de uma rotunda é ali”, argumentou o socialista.

“É uma das questões que muito nos preocupa e foram muitas as diligências que fizemos junto das Infra-Estruturas de Portugal no sentido de encontrar uma solução”, respondeu Antonino de Sousa.

O presidente da Câmara Municipal de Penafiel lembrou que, em 2016, o município desenvolveu duas propostas que apresentou à Infra-Estruturas de Portugal, sendo que a proposta de intervenção com a construção de rotundas, não ultrapassava os 300 mil euros. Um valor que considera “modesto” face ao número de acidentes registados. “Têm sido muitos os acidentes e alguns deles graves. Mas não temos encontrado sensibilidade para esta questão. É uma das situações mais delicadas que temos do ponto de vista da segurança e vamos continuar a fazer pressão”, prometeu o autarca.

“É incompreensível que, ao longo de tantos anos e especialmente após a entrega do projecto, ainda nada tenha sido feito”

Ainda recentemente, em Fevereiro deste ano, lembrou, foi enviado um ofício, no âmbito de um voto de protesto aprovado em reunião de câmara, a pedir que a Infra-Estruturas de Portugal e a entidade reguladora chamem também a Brisa, concessionária da A4, às conversações para que seja encontrada uma solução.

Na missiva enviada ao Ministro do Planeamento e Infra-Estruturas e também à secretaria de estado, à Infra-Estruturas de Portugal e ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes, logo depois de mais um acidente com um ferido grave naquele local, o autarca lembrava o “grave problema de segurança” daquele entroncamento.

“As fracas condições de segurança desta zona são agravadas pela elevada pressão do tráfico existente”, salientava. “É incompreensível que, ao longo de tantos anos e especialmente após a entrega do projecto, ainda nada tenha sido feito” e que esteja a ser posta em risco “a segurança e a vida das pessoas”, lamentava Antonino de Sousa.

Contactadas, nem a Infra-Estruturas de Portugal nem a Brisa dão garantias de qualquer obra. A Infra-Estruturas de Portugal confirma ter colaborado no desenvolvimento de soluções para o local, mas salienta que a solução a implementar “não é da competência exclusiva” da IP. “A reformulação da praça de portagem e respectivo acesso à EN106 esteve prevista no âmbito do alargamento da A4 a desenvolver pela concessionária Brisa”, adianta resposta enviada. “Existe uma proposta de solução que mereceu o acordo da Brisa e da Câmara Municipal Penafiel”, garante aquela entidade.

Mas a Brisa, descarta qualquer ligação ao processo. “A Brisa não prevê realizar qualquer intervenção no local e o tema não foi abordado em qualquer contacto da empresa com as Infra-Estruturas de Portugal ou com a Câmara Municipal de Penafiel. Não está previsto o alargamento da A4 no local e a EN106 não integra a concessão Brisa”, sustenta a concessionária.