Jorge Guerra, dono do Café Melro

O proprietário de um café situado em Lordelo, em Paredes, foi a última vítima de Valdemar Castro, o conhecido “burlão das notas de 50 euros” que está acusado de realizar mais de uma centena de burlas em estabelecimentos comerciais espalhados por todo o distrito do Porto.

Apesar de, tal como o irmão Nelson Ricardo Castro, estar a ser procurado pela GNR por não cumprir as medidas de coacção impostas pelo Tribunal, Valdemar Castro, confirma fonte da Guarda, continua a aplicar o seu esquema em cafés de Paredes e de Paços de Ferreira.

 

Comerciante incrédulo

Jorge Guerra, dono do Café Melro, ainda não quer acreditar que foi enganado pelo “burlão das notas de 50 euros”. “Eu vejo tantas notícias e não suspeitei de nada”, afirma.

Este empresário foi mais uma das vítimas do homem de 41 anos que, há vários meses, visita cafés, pastelarias e quiosques para ludibriar os respectivos proprietários. Neste caso, a burla aconteceu ao início da noite da última terça-feira. “Eram cerca das 19h30 quando ele entrou no café a falar ao telemóvel. Dirigiu-se ao balcão e pediu-me dois cachorros. Eu disse que não tinha e ele encomendou duas sandes de chouriço. Sempre ao telemóvel, pediu-me, em seguida, para trocar uma nota de 20 euros. Mas quando viu que eu tinha mais dinheiro, pediu para trocar uma nota de 50”, recorda o comerciante.

Apressado para satisfazer o pedido do cliente, Jorge Guerra colocou o troco no balcão e virou costas para confeccionar as sandes. “Nessa altura, ele pegou logo no dinheiro, dirigiu-se para a porta e entrou no carro, um Rover preto, que estava à espera na rua. Sempre a falar ao telemóvel”, descreve.

Na altura em que Valdemar Castro passou pelo Café Melro, três clientes habituais jogavam as cartas. Porém, também eles só se aperceberam da burla depois da fuga. “Ainda fui com um amigo ver se encontrávamos o carro noutros cafés, mas não vimos nada”, declara Jorge Guerra.

 

Valdemar é irmão de Nelson Ricardo Castro, que vive em Rebordosa

Com o irmão numa marisqueira em Leça

Valdemar é irmão de Nelson Ricardo Castro que, como o VERDADEIRO OLHAR já noticiou, tem marcado para o final deste mês um julgamento, no qual responderá pelos crimes de furto qualificado e burla informática. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o caso remonta a Junho de 2012. Nessa altura, Nelson Ricardo Castro terá ficado com um cartão multibanco de um casal vizinho e transferiu os primeiros milhares de euros para contas da Tradefair e Betfair. Em seguida, usou o dinheiro para realizar apostas online.

Já em Agosto, e após as vítimas terem fechado a conta bancária que estava a ser usada na burla, Nelson Ricardo Castro terá invadido a casa dos mesmos vizinhos, situada em Rebordosa, Paredes, e copiou o código PIN de um cartão associado a uma outra conta que havia sido aberta recentemente. Na posse dessa informação, terá activado o serviço online e voltado a efectuar diversas transferências para as mesmas casas de apostas virtuais. O mesmo jovem também é acusado de fazer compras online e transferir milhares de euros para diferentes contas bancárias. Uma estava em seu nome e as restantes pertenciam a amigos. Neste último caso, o dinheiro era rapidamente levantado pelos comparsas e entregue, em mão, ao mentor de todo o esquema. O MP calcula que, no total, o dinheiro furtado ronde os cem mil euros

Valdemar e Nelson Ricardo, que residia em Rebordosa, foram detidos em Janeiro último, mas libertados com a obrigação de se apresentarem regularmente no posto da GNR. Porém, nunca compareceram perante os guardas e continuam a realizar burlas.