Foto: Bombeiros Voluntários de Valongo (DR)

Os Bombeiros Voluntários de Valongo assinalaram, no dia 15 de Abril, mais um aniversário, mas, nesta altura, a instituição quer provar que tem 140 anos e não 130, como se pensava até agora. Bruno Oliveira, comandante da corporação, explicou ao Verdadeiro Olhar que, no próximo ano, quando esta situação estiver ultrapassada, vão comemorar “141 anos de existência” de forma mais entusiástica.

O alarme soou quando na publicação ‘O Bombeiro Portuguez’ foi detectada “uma referência ao nascimento dos Bombeiros de Valongo em Abril de 1883” e não em 1893, como se pensava. Para além disso, e nos 10 anos seguintes, há referência naquele quinzenário à “participação da corporação em várias ocorrências”.

E como “história é história, temos que recuperar esses anos em falta”, frisou o comandante. Toda esta situação justifica o facto de, este ano, as comemorações terem sido “mais singelas”, destacando-se o facto de, no dia 15, o quartel ter aberto as portas à comunidade, porque “é importante mostrar à população as instalações, equipamentos e, sobretudo o nosso trabalho”. Tanto mais que, “procuramos voluntários e nada melhor do que nos mostrarmos e divulgarmos para isso acontecer”, sustentou.

Nesta altura, o corpo activo de Valongo é constituído por “80 bombeiros”, estando mais “13 elementos a fazerem recruta” e outros a frequentar a escola de cadetes. Mas os recursos humanos são sempre poucos e, por isso, estas organizações saem cada vez mais dos quartéis, apresentando-se à sociedade civil. E é certo que, Valongo tem feito acções em “escolas, empresas e outras instituições”, mas, no próximo ano, a ideia é “percorrer todas as freguesias”, explicou o comandante.

Mas os aniversário não são apenas momentos de comemoração, mas também de reflexão. Por isso, Bruno Oliveira destaca que os bombeiros têm que ser cada vez mais “capacitados, qualificados e também preparados”. “Temos que prestar um serviço de excelência, porque lidamos com vidas”. E a verdade é que, “por exemplo, “quando acorremos a um acidente, as vítimas chegam às unidades hospitalares cada vez mais estáveis”.

Bruno Oliveira

Também em incêndios em habitações, por exemplo, os bombeiros têm que agir de forma profissional e responsável, porque “as companhias de seguros podem recusar-se a pagar, acusando-nos de má prestação de um serviço”. Ora isso, acarreta uma “enorme responsabilidade”. Bruno Oliveira lamenta que “trabalhem como profissionais, mas recebam como voluntários”.

“Os bombeiros trabalham como profissionais qualificados, mas são remunerados como voluntários”

Um outro aspecto que o comandante destaca e que está por detrás das portas do quartel, tem a ver com o “trabalho social” que, cada vez mais, é realizado pelas corporações. Quando é prestado socorro, há “muitos casos em que são detectadas pessoas que vivem em situação de grande vulnerabilidade”. Nesses casos, “é feito um relatório, que é encaminhado para o município ou então para a Segurança Social”, revelou

Bruno Oliveira reconhece que “estes casos são cada vez mais frequentes”, devendo-se ao “aumento da inflacção e do nível de vida”. Uma situação que se sente, não só nas famílias, mas também nos próprios quarteis. O comandante explica que, por exemplo, “uma farda para um bombeiros encareceu 20%” e os equipamentos “estão mais caros entre 30 a 50%”. Aliás, ‘vestir’ um bombeiro que entra para a corporação “custa cerca de 2500 euros”, revelou o dirigente.

Foto: Bombeiros Voluntários de Valongo (DR)

Apesar das vicissitudes, Valongo tem dois veículos a chegar à corporação, um vem substituir uma viatura que ardeu num incêndio em Sobrado, ocorrido em 2022. O outro é em segunda mão e vem também reforçar os meios técnicos. Equipamentos conseguidos graças, aos bombeiros, “à população, as empresas e também à Câmara Municipal”, sendo assim possível, aumentar os recursos da instituição.

Recorde-se que, a génese dos corpos de bombeiros em Portugal aconteceu em 1395, tendo sido implementada por Carta Régia de D João I. Desde essa altura, muitos têm sido aqueles que se dedicam a servir a comunidade, mesmo sacrificando as suas vidas. Os bombeiros de Valongo não são excepção e fazem-nos, provavelmente, há 141 anos.