Fotografia: Câmara de Paredes

O presidente da Associação Portuguesa de Deficientes – Delegação de Paredes, Adão Barbosa, revelou nas comemorações dos 27 anos da instituição, que contou com várias figuras e personalidades da sociedade paredense, que a instituição tem na criação de um Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social para Pessoas com Deficiência e Incapacidade (CAARPD), um das suas principais metas e projectos a desenvolver para 2020. A ambição já é antiga.

“O principal projecto é a criação de um Centro de Atendimento, Acompanhamento e Reabilitação Social para Pessoas com Deficiência e Incapacidade, é um dos projectos mais importantes a serem realizados pela instituição, dado que, irá abranger a população deficiente de Paredes e concelhos limítrofes. Para além disso, existe um plano de actividades a ser seguido todos os anos que incluí a celebração de épocas festivas, realização de actividades físicas e intelectuais, promoção do convívio entre famílias, associados e amigos. O projecto requer, sobretudo, obras de requalificação e adaptação da nossa sede social, no sentido de cumprir os requisitos obrigatórios para que tal projecto possa funcionar”, concretizou, afirmando que o centro passa pela disponibilização de um serviço de aconselhamento, apoio e informação a pessoas portadoras de deficiência, bem como a familiares, cuidadores e instituições, alusivos à temática da inclusão.

Fotografia: Câmara de Paredes

Ao Verdadeiro Olhar, falando do percurso já trilhado pela associação, o presidente da APD – Delegação de Paredes fez um balanço positivo do trabalho realizado, falou das alterações significativas que foram introduzidas ao longo do seu funcionamento, nomeadamente das mudanças estruturais, sociais, económicas, entre outras.

“Já tem 27 anos. A sua área de abrangência refere-se a todos os aspectos e dimensões associados à temática da inclusão das pessoas portadoras de deficiência, que foi, aliás, o grande motivo que levou à constituição desta associação. Face aos problemas sociais bastante complexos que afectam, de forma significativa, a vida destas pessoas, torna-se fundamental a existência de associações que, no espaço da comunidade, tenham uma postura de maior proximidade em relação a estes casos, a partir do qual possa ser capaz de dar propostas e contributos em prol da melhoria da qualidade de vida destes cidadãos”, expressou, reconhecendo que a instituição continua a deparar-se com problemas.

“As dificuldades são, essencialmente, de ordem financeira o que acaba por condicionar todas as actividades a que a APD se propõe. A situação financeira não é a desejável. Para o funcionamento da APD dependemos de donativos de particulares e de empresas, o que revela ser um processo difícil muitas vezes”, acrescentou, recordando que a colectividade tem mantido uma relação de parceria com a Câmara de Paredes.

Fotografia: Câmara de Paredes

Fotografia: APD Paredes

“É urgente estabelecer um plano efectivo de eliminação dos obstáculos na via pública e garantir a acessibilidade aos transportes públicos e é preciso criar linhas de financiamento para a adaptação das habitações das pessoas com deficiência”

Questionado sobre a sensibilidade e abertura que a sociedade confere hoje à questão da deficiência, Adão Barbosa admitiu que progressivamente ao longo dos anos tem havido mais consciência da sociedade em geral e do meio político, principalmente com a criação de legislação que impulsiona a inclusão e o exercício de cidadania.

“Mas há a plena noção de que ainda há muito a melhorar”, constatou, sustentando que as dificuldades que mais afectam os portadores de deficiência estão relacionadas com as limitações ao nível das acessibilidades e da entrada no mercado de trabalho, como principais problemas, mas não como únicos.

“É urgente estabelecer um plano efectivo de eliminação dos obstáculos na via pública e garantir a acessibilidade aos transportes públicos e é preciso criar linhas de financiamento para a adaptação das habitações das pessoas com deficiência. É urgente estabelecer um plano efectivo de eliminação dos obstáculos na via pública e garantir a acessibilidade aos transportes públicos e é preciso criar linhas de financiamento para a adaptação das habitações das pessoas com deficiência. Há que dar cumprimento efectivo ao princípio da atribuição universal e gratuita de produtos de apoio”, atalhou.

“Impõe-se o desenvolvimento de políticas pró-activas que favoreçam o emprego remunerado e o trabalho por conta própria de pessoas com deficiência. É imprescindível melhorar a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde, em tempo útil, incluindo a articulação entre os diversos serviços de saúde e de recuperação”

O dirigente da APD de Paredes realçou, também, a necessidade de investir na educação inclusiva, dotando as escolas com os necessários recursos humanos, de forma a assegurar o apoio centrado na sala de aula.

“Impõe-se o desenvolvimento de políticas pró-activas que favoreçam o emprego remunerado e o trabalho por conta própria de pessoas com deficiência. É imprescindível melhorar a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde, em tempo útil, incluindo a articulação entre os diversos serviços de saúde e de recuperação. Os obstáculos legais ou burocráticos ao acesso à Prestação Social de Inclusão – PSI- devem terminar. A idade da reforma dos trabalhadores com deficiência deve ser reduzida, considerando que estes trabalhadores sofrem maior desgaste físico”, avançou, sublinhando que a empregabilidade continua a ser insuficiente.

“Todos sabemos a importância que o emprego tem no combate a muitos destes problemas sociais que nos afectam. Para piorar as coisas, é o próprio Estado quem não dá o exemplo, o que leva o problema a arrastar-se e a ser demasiado adiado. E acreditem que a situação é tão grave, que não há tempo a perder! E o mesmo acontece com a nossa equipa de basquetebol, uma equipa que já deu e ainda dá atletas à selecção nacional, que dá prestigio a Paredes, e que passa, não vos nego, dificuldades de sustentabilidade”, confessou, avançando que o ano de 2019 foi solidário e positivo.

Fotografia: APD Paredes

“Continuámos a ter o apoio de empresários locais. Fomos desenvolvendo também algumas actividades que permitiram bons momentos de convívio. O basquetebol em cadeira de rodas é a modalidade desportiva mais emblemática da associação. Além de termos uma equipa oficial a representar o clube no campeonato nacional, temos praticantes a fazer a sua iniciação à modalidade”, atalhou.

A Associação Portuguesa de Deficientes – Delegação Local de Paredes tem, neste momento, uma média de 350 associados.

Na celebração dos 27 anos da colectividade e ao contrário do que tem sido prática habitual não foram realizadas homenagens, foram apenas feitos agradecimentos aos vários agentes que vão colaborando ao longo dos anos com a instituição.